Os homens de preto

Pela ordem, Alfredo Bernardes Torres, José Teixeira  de Carvalho e Manuel Correia Lima entrando no gramado da Ilha do Retiro, em 19 de junho de 1960, para dirigir mais uma edição do Clássico dos Clássicos pelo Campeonato Pernambucano. 

Jogo apitado pelo gaúcho Alfredo Bernardes Torres, que fora do futebol era oficial do Exército. Teixeira, que vivia apenas da arbitragem, e Correia Lima, sargento da Marinha, trabalharam como auxiliares. Naquele tempo não havia especificação, e o integrante do quadro de árbitros da FPF tanto apitava, como bandeirava.

Alfredo Torres, José Teixeira e Manuel Correia Lima

O jogo terminou em 2x2, gols de Djalma (pênalti) e Elcy para o Sport, Afonsinho (pênalti) e Geraldo para o Náutico. Expulsos:  Mourão (Sport) e o uruguaio Carlos Zas (Náutico).

Sport-Manga, Tomires e Sinval; Zé Maria, Goiano e Mourão; Ramos, Bé, Djalma, Bentancor e Elcy. Técnico,José Mariano Carneiro Pessoa, Palmeira..

Náutico-Valdemar, Nancildo e Zequinha; Carlos Zas, Givaldo e Hélmiton; Geraldo, Vasconcelos, Agnaldo, Afonsinho e Fernando. Técnico, Ricardo Diez

Como se pode observar, não havia substituições. Se um jogador sofresse uma lesão grave e não pudesse continuar jogando, seu time ficava desfalcado até o fim da partida.

Naquele ano, o Náutico foi campeão sob o comando de Gentil Cardoso, que tinha levado o Santa Cruz ao título no ano anterior. Ao longo do campeonato, o uruguaio Ricardo Diez foi dispensado pelos alvirrubros, que resolveram quebrar um tabu ao contratar o Moço Preto, um dos cognomes de Gentil.

Até então, só jogadores de pele branca, ou no máximo de tez moreno clara, mas de cabelo 'bom' podiam integrar a equipe alvirrubra. A regra, que não fazia parte do estatuto do clube, mas era uma tradição vinda dos tempos da fundação (1901), valia também para os treinadores.

Ao chegar ao Recife, contratado pelo clube aristocrático, como o Náutico era mencionado, numa entrevista a Luís Cavalcante, o Velho Marinheiro, nem um pouco vaidoso,plagiou o abolicionisita José do Patrocínio, afirmando: 


- José do Patrocínio disse "Deus me deu esta pele para eu defender minha raça". Já eu digo: "Deus me deu esta pele para eu orgulhar minha raça". 

Comentários