Ademir & Cia (2): Desastre na Pauliceia


Depois de brilhar em Belo Horizonte, a delegação do Sport deslocou-se de ônibus para São Paulo. Estava acertado um encontro com o Palestra Itália, o Palmeiras de hoje. Pedrinho e Pinhegas haviam sido desligados do elenco por terem passado da conta ao tomar umas e outras, numa folga que tiveram na capital mineira.

Ao chegarem à Terra da Garoa, os rubro-negros pernambucanos foram surpreendidos com uma proibição da prefeitura paulistana quanto à realização de jogos de futebol no mês de dezembro. O capitão Padilha, diretor do Departamento Estadual de Esporte, foi abordado por Hibernon Wanderley, o chefe da comitiva leonina, com um apelo para a concessão de uma licença especial para o Sport jogar, porém, seu esforço foi em vão. A solução encontrada para movimentar a equipe foi acertar um jogo para a cidade de Santos, com o Santos Futebol Clube. Encontro programado para 30 de dezembro, em plena véspera da passagem do ano.

Pirombá


Noite de chuva na Baixada Santista. Mesmo com o Sport jogando melhor, conforme reconheceu  a imprensa local, o resultado lhe foi desfavorável. Vitória do Santos por 4 x 3.  Os gols do Santos foram marcados por Carabina (2), Antoninho e Rui, e Pirombá assinalou os três da equipe pernambucana.

Santos: José (Nobre); Neves e Ayala; Figueira, Elesbão e Gradim; Armandinho, Zeca, Antoninho, Carabina e Rui.
Sport: Manuelzinho; Rubens e Zago; Pitota, Furlan e Bibi; Navamuel (Valfredo), Ademir, Pirombá, Magri e Djalma.

Obs.: Rubens era um jogador paulista que estava sem clube e juntou-se à delegação. Mais uma vez na arbitragem, o pernambucano José Mariano Carneiro Pessoa, Palmeira. Era praxe o juiz que acompanhava a delegação, ser aceito pelos locais para comandar a partida.

CHUVA DE GOL

Voltando à cidade de São Paulo, já em janeiro, portanto, sem mais funcionar a proibição, o Sport enfrentou o Juventus, numa partida em que nada dava certo para a equipe pernambucana. Só para se ter uma ideia, ao encerrar-se o primeiro tempo, a equipe paulista vencia por 6 x 1. Inegavelmente, um desastre que não estava nos planos de Ricardo Diez e dos seus comandados.

No segundo tempo o Sport reagiu, mas o Juventus não estava morto. No fim do jogo, o Moleque Travesso vencia por 8 x 5, resultado que traduz o sentido ofensivo empregado pelas equipes. Os gols foram de Cavaco (2), Osvaldinho (2), Pasquera (2), Renato e Zico para o Juventus, Pirombá (2), Navamuel (2) e Valfredo para o Sport.
Juventus: Santana; Ditão e Sórdi; Moacir, Guimarães (Sabiá) e Nico; Pasquera, Zico, Renato, Cavaco e Osvaldinho.
 Sport: Manuelzinho (Ciscador); Rubens e Zago; Pitota (Castanheira), Furlan e Bibi; Navamuel, Ademir, Pirombá, Magri e Djalma (Valfredo).

“ESMOLA”

Nesse dia houve um sério aborrecimento no momento de o Sport receber a cota do jogo. Ficara combinado que a renda líquida seria dividida, mas os dirigentes do Juventus destinaram apenas 300 mil réis aos pernambucanos, o que foi considerado um verdadeiro acinte pelo chefe da delegação, Hibernon Wanderley, que se recusou a receber a “esmola” dos paulistas. Soube-se depois que a arrecadação fora de seis contos e 450 mil réis. Um conto equivalia a um milhão de réis.




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