Das
histórias que ouvi contar, uma delas saiu da boca do ex-prefeito Anastácio
Rodrigues, falando de um jogo entre oO Comércio Futebol Clube e Vera Cruz
Esporte Clube, ambos da cidade de Caruaru.
A partida era válida pelo campeonato local, certame
que tinha a chancela da LDC-Liga Desportiva Caruaruense, no ano de 1953 sendo o
Central Park o cenário daquele importante duelo interiorano e tudo sob o
comando do sargento Costa Pereira, árbitro do jogo.
O placar estava zerado. As duas equipes bem
treinadas, com o jogo começando pontualmente, às 03:45 da tarde. Ainda bem que
era mês de junho, clima ameno na terra de Zezinho de Tutu.
O Vera Cruz vai ao ataque perigosamente, mas o
bom goleiro Paulo de Júlio, da equipe alvirrubra, sai da sua meta, intercepta a
bola com maestria, porém fazendo falta no centroavante Gordinho. Incontinente,
Costa Pereira, aponta para a marca da cal. Pênalti contra o Comércio.
Silêncio no acanhado campo do Central Sport
Club. Catolé, centromédio da equipe tricolor da Rua Preta, parte para a
cobrança com perfeição, porém, Paulo de Júlio qual um felino, segura a bola com
firmeza. Seus companheiros de equipe, eufóricos com a sensacional defesa do
goleiro, correm para abraçá-lo.
Ouve-se um apito estridente. Era o árbitro
Costa Pereira marcando nova penalidade contra o Comércio. Na sua ótica, a bola
estava em jogo e a companheirada de Paulo tocara com a mão na mesma. Revolta
geral da rapaziada do Comércio. A confusão estava formada.
Anastácio, na época secretário do clube
alvirrubro, grita “juiz ladrão”. Do nada, aparece o tenente Jurandir Galindo e
manda que soldados do Exército entrem em campo para expulsar todo mundo,
inclusive o próprio Anastácio, que se recusa a sair, invocando sua condição de
diretor de clube. O tenente dá-lhe voz de prisão com revólver em punho. Uma
alma caridosa, também militar, consegue tirar Anastácio da confusão, mas o pau
cantou e o árbitro Costa Pereira disse que não voltaria atrás na sua decisão de
marcar o pênalti.
Mais de 60 anos depois do ocorrido, vejo os
fatos confirmados na edição do Jornal do Agreste de 07.06.1953 com a manchete
“O Culpado Foi o Juiz”, declara o diretor de futebol da LDC, Sr. Alfredo
Amâncio.
Segundo aquela autoridade esportiva, o gesto
dos jogadores do Comércio abraçando o seu goleiro por ter evitado o gol de
pênalti, fora involuntário. Não caracterizando intenção propositada de tocar na
bola. Aí sim, Costa Pereira poderia ter marcado o pênalti, ainda de acordo com
Alfredo Amâncio.
Pelo sim, pelo não. A partida foi
interrompida. São histórias realmente verídicas, ocorridas na cidade do
Comendador José Victor de Albuquerque.
Por JOSÉ TORRES, jornalista, de Brasília
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