A divertida situação que trago
até vocês faz parte do capítulo “1954: a consagração de Ivanildo, o atleta
símbolo”, d’O Náutico, a bola e as
lembranças, um dos vários livros
de autoria do médico e escritor
Lucídio José de Oliveira. É uma homenagem à timbuzada no dia em que o glorioso
Clube Náutico Capibaribe. Fundado em 7 de abril de 1901, festeja o 118º
aniversário de fundação. Vamos lá, portanto:
“... Antes do início do
campeonato, um amistoso fora do Recife – um simples Náutico x CSA, em Maceió –
terminaria por entrar na história, utilizando, porém, as amplas e sempre
escancaradas portas do anedotário para merecer o seu ingresso e o registro que
agora é feito. Foi uma coisa realmente engraçada o que ocorreu naquele amistoso
entre os dois times dos Estados vizinhos, um jogo sem maiores pretensões.
Em mais uma de suas idas a
Salvador, o Náutico deu uma paradinha em Maceió para enfrentar o Centro Sportivo
Alagoano, campeão do Estado. Jogo amistoso, morno, corria manso. Lá pras
tantas, os alagoanos não se conformaram com uma decisão do árbitro, o
respeitável desportista Jaime Costa, daqui do Recife. Estava criado o problema:
o CSA não voltaria no segundo tempo com o mesmo apitador! E tem mais, e isso é
o que realmente importava: seus dirigentes não soltariam a cota do jogo!
Prejuízo total para o Náutico.
Vicente no time do Náutico, bicampeão pernambucano em 1951. Em pé, Ivanildo, Caiçara, Lula, Vicente, Gilberto e Jaminho; agachados, Carmelo, Fernandinho, Djalma, Hélio Mota e Zeca. |
Mas, tinha um jeito. O
jeitinho bem nosso. O CSA comprometia-se a voltar no segundo tempo, pagar a cota
direito, tudo certinho, se no tempo complementar o juiz fosse Vicente, o
goleiro do Náutico... É que Vicente era alagoano, gente de casa, pessoa,
portanto. confiável para continuar apitando o amistoso, substituindo o árbitro
que os pernambucanos tinham levado, ninguém sabe com que intenções.
Assim foi feito. E, mais uma
vez, o insólito acontecia nos campos de futebol: no primeiro tempo, Vicente foi
goleiro; no segundo, voltava ao gramado como juiz! O certo é que Vicente teve
ali, naquele instante inusitado, a oportunidade de revelar uma vocação mais
tarde confirmada. Depois de uma temporada defendendo o América, seria árbitro
de fato e de direito, apitando jogos do Campeonato Pernambucano.”
LENIVALDO ARAGÃO
LENIVALDO ARAGÃO
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