Toco, Travo e Canela

O raivoso Biu do sanduíche


Num tempo já distante, alguns jogadores do Central residiam na concentração do clube, na Rua Professor José Leão, a poucos passos do estádio. Junto havia a barraquinha de lanches de Biu, que tinha sido autorizado pelo dirigente Alcides Lima a quebrar o galho dos rapazes, pela manhã, antes de seguirem para o treino, com um sanduíche, ou mais de um, se fosse o caso, feito/s no capricho.


        Biu era muito atencioso com sua clientela. Além de o barraqueiro gostar do time, o faturamento era certo a cada fim de mês. E a turma apreciava o sanduba de Biu. Logo surgiu uma amizade entre o negociante e seus fregueses.
Na falta do café matinal na concentração, os jogadores davam-se por satisfeitos com aquele desjejum. E ainda sobrava espaço para alguns minutos de conversa e piadas com o fornecimento da alimentação, arrancando amplas gargalhadas, do lado da clientela e da parte do dono do estabelecimento.
        Aconteceu que Alcides certa vez descuidou-se, o pendura cresceu demais e o pequeno comerciante cortou o fornecimento do lanche abruptamente, pois não tinha capital suficiente para sustentar aquela rapaziada, sem ver o vil metal – será que é tão vil assim? – entrando no seu bolso.
         Certa manhã, os jogadores surpreenderam-se ao serem rispidamente recebidos por um inamistoso Biu que, de cara amarrada, informou-lhes que o crédito estava cortado. Não teriam mais direito a nada. Só quando o Central lhe pagasse a conta.
Um deles quis saber a hora, mas nem nisso Biu abriu uma concessão.
– O relógio tá quebrado – respondeu, na maior das ignorâncias.



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