Alô, alô, saudade!


PAULO MORAES

Viradas inesquecíveis

Vira, Vira... A virada do Santa contra o Imperatriz no Arruda, saindo de dois a um para três a dois, nos trouxe recordações de anos e anos atrás. No dia oito de novembro de 1958, ouvia pela Rádio Clube de Pernambuco, a velha e querida P-R-A-8, em Caruaru, na casa da minha avó paterna Manhinha, a dona Maria, um Clássico das Multidões. O meu Santa vencia o Sport por um a zero, gol de um centroavante chamado Fernando. Aos 43 minutos do segundo tempo, jogo na Ilha do Retiro. Não tínhamos ainda o Mundão do Arruda. O Tricolor jogava na Ilha ou nos Aflitos. Como era pobre, como ainda o é, não tínhamos nem mesmo um estadinho.

   Quarenta e três minutos do segundo tempo, no apagar das luzes, como falavam os locutores da época, resolvi ouvir os comentários da vitória do amado clube do povo, no rádio Telefunken, na minha casa, que era bem próxima de onde morava minha avó. Ligado o rádio, a surpresa desagradável. O Sport nos dois minutos finais fez dois gols. Dois gols de um cearense chamado Pacoti. Não ouvi mais nada. Foi uma noite de domingo difícil, muito difícil pra dormir. O sono demorou a chegar. O que fazer? Chorar? Não sei se derramei lágrimas. Sei que foram horas e mais horas de tristeza e de sofrimentos. Um pouco mais tarde, o Sport foi campeão estadual e Pacoti, o artilheiro da competição, com 38 gols.

Traçaia, o dirigente Stuart e Pacoti, campeões (Foto internet)


  Quem nos vingou anos depois foi o Náutico, em 1965, na caminhada do inesquecível hexacampeonato. Perdia por três a um até quando faltavam 13 minutos para o fim da partida numa quarta-feira à noite, no estádio dos Aflitos e virou o placar de três a um para cinco a três. Bita fez dois gols, Lala, outros dois. Nino fez o outro gol. Pelo Sport, marcaram Neco, duas vezes e Chico.

Nino brilhou na reação timbu (Foto blog Fernando Machado)


  Num domingo de 1968, outra tarde infeliz para nós tricolores. O Santa derrotava o Náutico por dois a zero, gols de Rubem Salím e Nivaldo. E quando restavam 17 minutos pra acabar o jogo, saí de trás da meta que ficava ao fundo do Country Clube, para me posicionar no centro do campo para fazer as entrevistas de fim de jogo. Nesse curto espaço de tempo, Miruca, de falta, e Nino, duas vezes de cabeça, mudaram a história do clássico: três a dois. Tarde tristonha para nós tricolores.

   Mas como se diz, há sempre um dia atrás do outro. Numa noite de quarta-feira de 1993, o Náutico jogava pelo empate pra ser campeão.  Aos 39 minutos do primeiro tempo, Washington, ex-Fluminense e principal atacante e jogador do Santa, foi expulso pelo árbitro Wilson de Souza. Foi justa? Há dúvidas até hoje. O atual comentarista de rádio, Lúcio Surubim, que jogava pelo Náutico e que dividiu um lance com o atacante coral, e o ex-árbitro vão dizer que sim. Não sei, não sei. Logo depois, o meia Paulo Leme fez de falta, um a zero Náutico. Título encaminhado, parecia.

   Com dez em campo, o Santa na raça, na técnica, ajudado pelos deuses do futebol, empatou o jogo aos 38 minutos do segundo tempo, gol do meia Fernando. Aos 44 ou 45 minutos, Célio, um baixinho de poucos metros de altura e que havia entrado no jogo no lugar do volante Mazo, fez o Arruda ficar arrepiado. Lá de longe, uma bola veio do lateral Araújo, o zagueiro do Náutico Parreira errou no golpe de tentar rebater a bola com a cabeça. A bola passou pelo corpo dele, Célio, livre chutou no canto direito do goleiro Paraíba. Gol, e quase Zé Carlos, um companheiro da TV Globo, destruía o teto da cabine da emissora, com um soco de enorme violência. Prorrogação, zero a zero. Aí o Santa tinha a vantagem do empate. E nós, tricolores apaixonados, saímos do Arruda felizes. Foi uma noite memorável. São histórias que emocionam no futebol. Até a próxima...

Santa, o valente campeão de 1993. Atrás,, Marcos Antônio, Marcelo, Júnior Cordel, Paulo César e Quinho; na frente, Peninha (massagista), Marcelinho, Hélio Paraíba, Washington, Fernando, Serginho e Mazo. Este durante o jogo foi substituído pelo herói Célio (Foto internet) 





Comentários

  1. Amigo Lenivaldo,

    Mostrei a meu pai, Ney Andrade, a matéria a respeito do Alô, alô, Saudades, onde, de pronto iniciamos algumas considerações, conforme abaixo.
    1 – O Sport no ano de 1958, foi campeão, vencendo os 2 turnos.
    2 – Pacoti não jogou a última partida, já que estava machucado, como meu pai, entregues ao departamento médico.
    3 – Parece que o Sport nesse ano foi campeão invicto?
    4 – Em 1959, Santa Cruz ganhou um turno e Náutico outro, na final deu Santinha e iniciou se uma crise no Sport.
    5 – Em que ano, o senhor Rubens Moreira, instituiu o Campeonato de 3 turnos para que cada clube fosse vencedor de cada e tivesse uma super final, atraindo público?
    De longe, mas perto.

    Elney Pitangueira de Andrade

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