PAULO MORAES
Quem podia com Bita, o Homem do Rifle?
Nos arquivos do meu BAÚ DA SAUDADE,
detalhes de uma noite feliz, muito feliz, do inesquecível e maravilhoso
atacante Sílvio Tasso Lasalvia, nome registrado no cartório. Mas nos campos,
desde as areias da Praia dos Milagres, em Olinda/PE, seu nome tinha só quatro
letras, Bita, que um dia o também saudoso jornalista Aramis Trindade resolveu
chamá-lo nas páginas do extinto Diário da
Noite, irmão mais novo do Jornal do
Commercio, de O Homem do Rifle.
Seu chute era forte e calibrado; como sofriam os goleiros.
A rede balançou muitas e muitas vezes
pelo Brasil afora. E como viveu uma noite inglória, o grande Gilmar dos Santos
Neves, bicampeão mundial pelo Brasil nas copas de 1958, na Suécia, e de 1962,
no Chile.
Com Bita na área os zagueiros trabalhavam dobrado (memoriafutebol.com.br) |
Já goleiro do Santos, depois de ser
ídolo no Corinthians, Gilmar levou quatro gols de Bita no Estádio do Pacaembu,
em São Paulo, numa vitória histórica do Náutico, por cinco a três, pela Taça
Brasil, hoje chamada de Copa do Brasil.
Foi numa quarta-feira de 1966. Que
noite, que noite para encher de orgulho e alegria o grande Bita, os
companheiros de time, a torcida alvirrubra. Além de deixar incrédulos o Rei
Pelé, Zito, Carlos Alberto Torres, Mauro, Dorval, Pepe e Toninho Guerreiro, que
estavam naquele Santos fabuloso e tantas vezes campeão paulista, brasileiro,
mundial e de torneios pelo mundo afora.
Os times daquele jogão, apitado pelo
legendário Armando Marques, talvez o maior árbitro de todos os tempos do nosso
futebol. Santos - Gilmar, Carlos
Alberto Torres, Mauro, Oberdã e Geraldino depois Joel; Zito e Lima;
Dorval, Toninho, Pelé e Pepe. O técnico se chamava Lula. Náutico - Aloísio Linhares, Gena, Mauro, Fraga e Clóvis: Zé Carlos
e Ivan; Miruca, Bita, Gilson Costa depois Aloísio Costa e Nino.
(Reprodução internet) |
O outro gol do Náutico foi de Miruca.
Toninho fez os três gols do Santos. O Rei ficou em branco, tudo porque passou
por uma marcação cerrada de Gilson Costa que era zagueiro, mas que naquela
noite foi tudo ou não foi nada. Ele foi simplesmente o homem que entrou com a
camisa oito só pra encarar Pelé por onde ele fosse no campo, enquanto Bita
vestia a cinco, do zagueiro. Bita, seus gols estão registrados em tantas
publicações, que é difícil saber em quantas.
O grande artilheiro num jornal da época (Nautico/NET) |
Fazer dois gols em uma partida, para
Bita, era comum. Agora, quatro de uma vez? Numa outra noite, no Estádio dos
Aflitos, no mesmo ano de 1966, Bita deixou para trás, desgovernado, um zagueiro
de nome Adalberto, do Santa Cruz, ao fazer quatro gols no Santa, pelo Campeonato
Pernambucano.
O goleiro Válter Serafim foi a vítima
da vez. Era demais aquele Bita três vezes artilheiro do Pernambucano, títulos que
só mais três jogadores conquistaram: Tará, lá pelos anos quarenta, Fernando
Santana e Baiano, que se destacaram tempos depois.
Aparando a bola no ar antes do golpe fatal (vozesdazonanorte.com) |
Era infernal Bita, como foi Djalma,
atacante do Sport nos anos 60. Nesse mesmo ano, Djalma liquidou o Santa Cruz,
numa manhã de domingo, no Estádio dos Aflitos. Igual, a Bita, marcou quatro
gols no goleiro Arijório do Santa, um deles, de pênalti. Vitória rubro-negra
por quatro a zero.
Há de lembrar que no futebol
pernambucano tivemos outros goleadores monumentais. Tará fez dez gols no
Flamengo daqui no estadual de 1945, com vitória do Náutico por 23 a 0. Nos
registros, foram nove gols de Tará.
Fernando Santana fez seis na goleada
por 15 a 2 no Santo Amaro, em 1969. Jorge Mendonça fez oito gols no mesmo
Santo Amaro, em 1974. Já Dario, o Dadá Jacaré, marcou dez vezes na vitória do
Sport sobre contra quem? O saco de pancadas Santo Amaro, que nesse dia
perdeu por 14 a 0; Foram muitos gols é verdade, mas incomparáveis a Bita e
Djalma, afinal, eles marcaram em clássicos. E aí, foi outra coisa.
Nesse mister de balançar as redes não
se pode esquecer o oportunista cearense Pacoti, campeão em 1958 pelo Sport, e
artilheiro do campeonato, com 36 gols.
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