Quando Náutico e Sport jogaram para perder



Dois casos que deram muito o que falar, a respeito de o time perder de propósito, tiveram como protagonistas o Náutico e o Sport em épocas diferentes.

Em 1960, o Náutico só tinha três jogos a realizar na disputa do returno, o último deles contra o Santa Cruz. Ao chegar ao Clássico das Emoções, o Timbu já estava fora do páreo.

Apenas se preparava para a melhor de três. Se ganhasse ou empatasse daria o segundo turno ao Sport, a quem enfrentaria na decisão. Se o Santa Cruz vencesse, decidiria com o Náutico. Gentil Cardoso sentiu que o Leão era mais perigoso, e no dia do jogo contra o Santa, escalou um time misto, que perdeu por 3 x 1, resultado que deu o returno aos tricolores.

Houve muitas críticas na imprensa, mas o matreiro técnico não deu ouvidos. Queria o título e conseguiu. Aliás, foi bicampeão, uma vez que tinha brilhado com o Santa Cruz no ano anterior.

Gentil Cardoso escalou uma equipe mista contra o Santa Cruz


Nesse jogo, realizado em 4/12/60, nos Aflitos, com arbitragem de Alfredo Bernardes Torres, Lua (2) e Daltro (contra) marcaram para o Santa, e o ex-santista Vasconcelos para o Náutico.

Náutico-Lula Vasquez; Paulinho e Sidney; Gilberto, Daltro e Cícero; Saquinho, Vasconcelos, Agnaldo, Afonsinho e Elias.

Santa Cruz-Agostinho; Dodô e Nagel; Múcio, Luiz e Nenzinho; Caboclo, Nilsinho, Lua, Biu e Mainha.

A melhor de três constou de apenas dois jogos, ambos vencidos pelo Náutico por 1 x 0 e 2 x 1 respectivamente.

O jogo final, em 14/12/1960, teve como palco o Estádio Eládio de Barros Carvalho, e foi dirigido por Alberto da Gama Malcher, da Federação Metropolitana de Futebol, hoje Federação Carioca. Marcaram Tião e China-Náutico, e Lua-Santa Cruz.

Náutico: Waldemar; Paulinho e Milton Copolilo; Carlos Zás, Givaldo e Hélmiton; Tião, Agnaldo, China, Geraldo e Fernando. Técnico: Gentil Cardoso
Santa Cruz: Agostinho; Roberto e Nagel; Múcio, Luiz e Dodô; Gildo, Hamilton, Lua, Biu e Elmano. Técnico: Ricardo Diez.

SPORT ENTREGA O OURO
A exemplo do que aconteceu com o Náutico em 1960 diante do Santa Cruz, o Sport perdeu propositadamente para o Timbu em 1987, para tirar o Santa Cruz do páreo, O fato está assim narrado por Givanildo Alves no seu livro “85 Anos de Bola Rolando”, publicado em 1999:
            Na reta                                                final do certame, um fato insólito aconteceu, envolvendo Sport e Náutico, em jogo que realizaram no Arruda, no dia 5 de julho. O resultado desse encontro interessava demais ao Santa porque um empate ou vitória do Sport daria a conquista da 1ª fase do 3º turno ao Santa Cruz. O título também ficaria no Arruda, caso a vitória dos timbus não fosse por uma diferença de três gols Na semana do encontro, os noticiários davam conta de que o time da Ilha do Retiro iria abrir o jogo.

Raciocinavam os rubro-negros, segundo a imprensa, que o Santa, já tendo um turno (1°), caso vencesse o 3º estaria com o título praticamente garantido. Os dirigentes leoninos rebatiam as insinuações, jurando de pés juntos que jamais iriam abrir o jogo. Lembravam que o Sport não iria comprometer “sua tradição e seu passado de glórias.”

As palavras estiveram em desacordo com os fatos, pois o que se viu no campo foi o Sport com o time cheio de reservas e, mais do que isso, orientado para perder.

“Para classificar o Náutico, a gente teve que fazer corpo mole porque do contrário a gente ia se prejudicar. No gol de cabeça, o de Mário Tilico, fiz corpo mole. Nos outros não”.
A declaração feita ao Jornal do Commercio pelo goleiro rubro-negro Gilberto confirmava as denúncias da imprensa. O Náutico venceu exatamente com os três gols de diferença que precisava”, faturando a 1ª fase do 1º turno”.

CORPO MOLE
Após o jogo, o inexperiente goleiro Gilberto, que era do juvenil, confessou que sua turma recebera instruções para perder. Para se ter uma ideia, vejamos a formação com  que o Rubro-Negro venceu o Santa por 3 x 2 em 17/5/87:

Leão, Betão, Estevão, Zé Carlos Macaé e João Pedro (Zico); Rogério, Ademir Lobo e Ribamar; Robertinho, Augusto (Pitico) e Éder,
Gilbero, na época juvenil, substituiu o grande Leão (reprodução internet)


Naquele jogo contra (aliás, a favor) o Náutico, em 5/7/1987, o time leonino foi este: Gilberto, Betão, Cláudio, Disco e Zé Carlos Macaé; João Luís, Cleo e Zico;  Pitico, Augusto e Ademir Lobo.

De nada adiantou. O Santa foi bicampeão!



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