Em 1965 chegava ao
Arruda um jovem cheio de esperança, em busca de um lugar ao sol. Logo estava
atuando no time juvenil do Santa Cruz. Jogando na defesa exibia mais raça do
que técnica, porém, sua simples presença na zona defensiva tricolor era um
recado aos atacantes adversários: poderiam passar por ele, mas entrassem na
jogada prevenidos, pois encarariam um atleta dotado de muita disposição e
coragem. Tratava-se do zagueiro Rivaldo.
Naquele tempo, o Náutico
dominava o cenário do futebol pernambucano, e o Santa preparava uma equipe com
base na prata da casa e jogadores contratados na Região. Ao mesmo tempo em que
defendia o Santa no Campeonato Juvenil, Rivaldo observava o desempenho dos ‘cobras’
que se revezavam na zaga do time principal – Birunga, Adalberto, Luiz,
Reginaldo, Carlos, Nilton e Adevaldo –, sempre procurando aprender a agir na
área, nos momentos cruciais. Até que em 1968 começou a ser escalado. Formava a
dupla de zaga do Tricolor, com Birunga, outro jogador formado no Arruda, assim
como seu irmão, o ponta-direita Birungueta. Quando o Santa Cruz estreou no
campeonato de 1969, ano em que os ventos passaram a soprar favoravelmente no
Arruda, levando o time do povo a conquistar o primeiro título do pentacampeonato,
a equipe, dirigida por Gradim, era: Pedrinho, Norberto, Birunga, Rivaldo e
Valdir; Zito e Luciano; Joel, Uriel, Erandir e Nivaldo (Fernando Santana). O
voluntarioso zagueiro firmou-se como titular, condição que manteve até 1973, quando
recebeu a faixa de pentacampeão. Depois de jogar com vários companheiros, tinha
ao seu lado, no encerramento da jornada do Penta, o paraibano Antonino.
(Foto do Blog do Zé Duarte) |
O mais tarde comerciante
de material de construção Rivaldo Cavalcante da Silva recordava com saudade aquela
fase gloriosa de sua carreira como jogador de futebol. O ex-zagueiro tricolor
lembrava que a homogeneidade era uma forte característica daquela equipe. Havia
os que se destacavam, como Givanildo, Luciano e Fernando Santana, mas o
espírito de conjunto sempre prevalecia e era determinante para os resultados.
Os adversários poderiam até ser muito
fortes, no entanto, a força dos tricolores, principalmente ao lado da torcida,
no Arruda, falava mais alto. E nem o grande time do Santos, de Pelé, no início
da década de 70, escapou do veneno da Cobra Coral. Numa tarde de domingo, em
1973, o Santos caiu diante do Santa, num dia em que o centroavante Ramon estava
inspiradíssimo, deixando o argentino Ramos Delgado a ver navios. Do outro lado,
apesar de Pelé, Rivaldo e companhia conseguiram segurar o placar e o Santa
venceu por 3x2, em jogo do Campeonato Brasileiro.
“Aquele foi o meu jogo inesquecível”,
dizia Rivaldo.
(Este texto é um dos capítulos do
livro “Santa Cruz de Corpo e Alma”, cuja venda destina-se à construção do CT
tricolor).
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