Há 50 anos, o Peito de Aço derrotava as "Feras de Saldanha"




O Mineirão viveu uma de suas noites mágicas em 3 de setembro de 1969, portanto, há 50 anos. Em campo, para um amistoso contra o Atlético, a Seleção Brasileira já em preparativos para a Copa do Mundo do México, no ano seguinte.

Por exigência da CBF, em vez da habitual camisa de listras verticais nas cores branco e preto, o Atlético aparecera no gramado sob a cor vermelha, como se fosse a seleção de Minas Gerais. Como se isso mudasse alguma coisa e alguém engolisse o sparring da Canarinha, como se fosse a seleção das Alterosas e não o Galo.

O goleiro Mussula, do Atlético, torce para a bola não entrar, ao contrário de Tostão, Jairzinho e Gerson (Arquivo EMD A.Press)


As "Feras de Saldanha", como a Seleção era conhecida, vivia um bom momento. Nas Eliminatórias para o Mundial tinham sido seis jogos e seis vitórias, com 23 gols marcados e apenas dois sofridos.

O Atlético, por sua vez, também estava voando, com a formação com que, algumas modificações à parte, seria campeão do Brasileiro de 1971.

Para muitos que assistiram e participaram, o jogo de caráter amistoso tornou-se um dos mais importantes da história do Mineirão.

– Foi o dia em que o Galo ganhou da melhor seleção de todos os tempos – já disse várias vezes o ex-atacante do Atlético Dario, o mesmo que passou pelo futebol pernambucano, defendendo em épocas distintas, o Sport, o Santa Cruz e o Náutico.

Um dos destaques da partida, Dario estava com espírito amistoso, bem de acordo com sua maneira de ser até ouvir uma gravação do técnico da Seleção Brasileira, João Saldanha, descartando sua presença nas convocações futuras.

– Um repórter me mostrou uma entrevista de Saldanha afirmando que no Brasil existiam outros 10 atacantes melhores do que eu. Comprei briga com ele na hora. Eu xinguei Saldanha e disse que a Seleção estava invicta porque não havia enfrentado o Atlético com o  Mineirão lotado – relembrou Dadá Maravilha, depois do jogo.

Tostão na área do Galo, que jogou disfarçado de seleção mineira (Arquivo EMD A.Press)


Com mais de 70 mil torcedores, o Mineirão viu Amauri Horta abrir o placar para o Galo aos 42 minutos do primeiro tempo. Na etapa final, Pelé empatou aos cinco minutos. Dario marcou o gol da vitória para o Atlético. Mesmo com equipe completa - com Gérson, Rivelino, Jairzinho, Tostão, entre outros -, o Brasil não conseguiu o empate.
– Acabei com o jogo. Sabia que na minha casa não tinha seleção que ganhasse de mim. E olha que era a melhor seleção da história, talvez nunca tenha uma com aquela  qualidade – disse o ex-centroavante.

Dario considera aquela como a mais significativa partida da sua carreira.
– A vitória sobre a Seleção Brasileira, com todo o respeito que tenho ao jogo do Maracanã que nos deu (ao Atlético) o título brasileiro em 1971, é a mais valiosa porque me deu um status que eu não tinha – destaca.

Dario, o terceiro agachado, e seus companheiros tiveram que vestir a camisa da seleção mineira globoesporte.globo.com)


Após a vitória do Galo, o presidente Médici viria a público exaltar o bom momento do atacante do Atlético.

Saldanha, que era comunista, rebateu dizendo que o presidente deveria se preocupar com os ministérios enquanto ele escalava a Seleção Brasileira.

Pouco tempo depois, Saldanha seria demitido, e Zagallo assumiria o selecionado que se tornaria tricampeão mundial em 1970 com Dario no elenco.

ATLÉTICO 2 X 1 SELEÇÃO BRASILEIRA

Amistoso
Local: Mineirão, em Belo Horizonte/MG
Data: 3 de setembro de 1969
Árbitro: Amílcar Ferreira (RJ)
Público: 71.533
Gols: Amauri (Atle), 42 do 1º; Pelé (Bra), 5, e Dario (Atle). 20 do 2º.

Atlético
Mussula; Humberto Monteiro, Grapete, Normandes (Zé Horta) e Cincunegui (Vantuir); Oldair, Amauri Horta (Beto) e Laci; Vaguinho, Dario e Tião (Caldeira). Técnico: Yustrich

Seleção Brasileira
Félix; Carlos Alberto, Djalma Dias, Joel e Rildo (Everaldo); Piazza, Gérson (Rivelino) e Pelé; Jairzinho, Tostão (Zé Maria) e Edu (Paulo César). Técnico: João Saldanha

(Fonte: internet)

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