No Ypiranga, o técnico Surubim não dava moleza




Luís Francisco Bezerra, Surubim, não tinha nada a ver com a cidade dos irmãos Neto e Lúcio Surubim. Era paraibano de Barra de São Miguel, pertinho de Santa Cruz do Capibaribe, a terra de Robgol.

Surubim trabalhou um bom tempo, como técnico de som da Rádio Cultura do Nordeste, dos irmãos José e Onildo Almeida, o brilhante compositor, autor do baião Feira de Caruaru.. Um dia Surubim foi bater em Santa Cruz. Ficou de vez. Defendia o Ypiranga, como goleiro. Nessa época, a Máquina de Costura nem sonhava com o Campeonato Pernambucano. O regime era puramente amadorista.

Boêmio que era, Surubim instalou um bar. Que virava a noite, enquanto a maioria fechava com a aproximação da madrugada.

Já o Praça, originalmente conhecido por Jalvinho, outro dono de bar, contrariava toda a lógica desse tipo de comércio. Domingo é dia de faturamento. A turma partia para tomar umas e outras no bar do Praça, amigo de todos, e um verdadeiro boa-praça. Às vezes os clientes eram surpreendidos com um aviso pregado na porta  cerrada: “Fechado para lazer do dono”. O Praça, ex-policial militar no Rio, àquela altura, dava lucro a algum concorrente.



Surubim, o notívago, ao descalçar as chuteiras e as luvas, passou a ser o treinador do Ypiranga. Disciplinador, não dava moleza. Com ele, o lema de Didi, o Folha Seca, “treino é treino e jogo é jogo” não colava.

Um dia, o Ypiranga preparava-se para um amistoso. Em dado momento, o ponta-direita Zé Cachorra saiu driblando todo o mundo. Domir, o craque do time, preparou-se para receber o passe, mas Zé Cachorra preferiu o chute direto. Bola nas nuvens. Foi afastado do treino por excesso de individualismo e indisciplina tática.

Véi, outro jogador do time, também foi mandado para fora
“O que foi que eu fiz?” – perguntou a Surubim. “Nada. É porque você é irmão dele”, sentenciou o técnico durão.



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