A gente abre um espacinho para a literatura, muito embora este seja um blogue dedicado unicamente ao desporto.
É que nesta fase de exílio doméstico forçado, dou prosseguimento, à leitura de “Escravidão – Vol. 1: Do primeiro leilão de cativos em Portugal até a morte de Zumbi dos Palmares.”
Trata-se do primeiro de três livros sobre o
tráfico negreiro, que não só tinha o Brasil como destino, mas outros países das
Américas e da Europa.
Episódios os mais chocantes, que fazem o
leitor compreender melhor os horrores a que durante séculos, a população negra
africana era submetida, são contados com uma impressionante riqueza de detalhes.
Do autor, o jornalista e historiador
paranaense Laurentino Gomes, já tinha lido a obra relativa à História do
Brasil, composta também de três volumes:
1808, focalizando a chegada da família real portuguesa
ao Brasil
1822, sobre a Independência
1889,
tratando da Proclamação da República).
Durante alguns anos mantive contato direto com
o autor. Ocupávamos o mesmo escritório da Editora Abril, no Recife, ele à
frente da sucursal da revista Veja e eu como correspondente da Placar.
Laurentino dedica
aos livros que edita, o mesmo empenho com que se lançava à procura dos fatos
verdadeiros e das minúcias nas reportagens que fazia.
Neste trabalho enfocando a
escravidão, o autor, que se considera mais jornalista do que escritor, esteve
várias vezes na África e na Europa, bem como nos Estados brasileiros, visitando pontos de embarque e de recepção dos
cativos ou de seu encarceramento, enquanto aguardavam o embarque, muitas vezes demorado, para o destino.
Viajavam em precárias condições, em algumas ocasiões acorrentados e trancafiados,
misturados a animais.
O negócio em que a escravatura
se transformou, segundo este primeiro volume da narrativa de Laurentino Gomes, contava não apenas
com europeus e brasileiros, mas também com negros africanos, ávidos por
fortuna. No auge do negócio eram construídos navios especialmente para atuar no aviltante empreendimento.
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