SELEÇÃO CACARECO 03:


João Havelange, o novo cartola

 Havelange e o presidente Juscelino Kubitschek desfilando com a Taça Jules Rimet

Carioca, filho do belga Faustin Havelange. Nome de batismo: Jean-Marie Faustin Godefroid de Havelange (8/5/1916-16/8/2016). Prenome facilmente abrasileirado para João.
Estou falando de João Havelange, o cartola, que, depois de dominar o futebol nacional, exerceu um verdadeiro poderio mundial.

Infelizmente, teve seu brilho, como dirigente, ofuscado no fim da trajetória, acusado de envolvimento em negócios escusos dentro do futebol.

Todavia, seu nome está definitivamente marcado como um dos maiores benfeitores do futebol em todo o mundo.

Seu pai era proprietário de uma vastidão de terras em plena área urbana da cidade do Rio de Janeiro, a Capital Federal, condição que em 21/4/1960 perdeu para Brasília. O forte do belga Faustin era negociar com armas, atividade da qual o filho só queria distância.

Ligado a diversos tipos de esporte, em 14 de janeiro de 1958, João Havelange, advogado que nunca exerceu a profissão – foi empresário na área de transportes e na de siderurgia –, tomava posse na presidência da Confederação Brasileira de Desportos (CBD), na qual se abrigavam 24 modalidades esportivas, além do futebol. Não chegou lá por acaso.

ECLETISMO – Tipo atlético, 1,83 metro de altura, louro, olhos azuis, pessoa de fino trato, João Havelange, dotado de primorosa memória, desde a infância participava do elitista Fluminense Futebol Clube. Lá foi escoteiro e atleta infantil, juvenil e adulto. Praticou vários esportes, inclusive futebol, pelo qual em 1931 sagrou-se campeão carioca   juvenil.

João Havelange,em pé e sem camisa, integrando a seleção de polo aquático


Em 1936, na primeira olimpíada promovida pela Alemanha, integrou a equipe brasileira de natação, tendo participado das provas de 400m e 1.500m livre.

Em 1951 foi realizada a primeira edição dos Jogos Pan Americanos, em Buenos Aires, e Havelange defendeu as cores verde e amarela no polo aquático.  Na mesma modalidade participou, em 1952, da Olimpíada da Finlândia.

Quatro anos depois, em 1956, presidiu a delegação brasileira na Olimpíada de Melbourne, na Austrália.

Portanto, tratava-se de alguém já tarimbado e conhecedor dos bastidores esportivos.

RUBÃO E SUA GENTE – Para sua chegada à cadeira presidencial da CBD, 
modestamente localizada na Rua da Quitanda, em pleno centro do Rio, Havelange usou seu prestígio pessoal, é claro, porém, contou com um reforço valioso.

Foi a votação maciça das federações do Norte e do Nordeste, não apenas de futebol, mas de outras categorias, graças ao trabalho de um envolvente ‘cabo eleitoral’, o pernambucano Rubem Rodrigues Moreira, que no Sudeste era conhecido por Rubão.

Alguns dirigentes de federações de futebol nordestinas da época João Havelange eram Aldenor Maia / Ceará, João Machado / Rio Grande do Norte, Genival Menezes / Paraíba, Sebastião Bastos / Alagoas, Robério Garcia / Sergipe.

Com Joseph Blatter, seu substituto na Fifa


UMA MÃO LAVA A OUTRA –Sempre contando com o apoio de Rubem, o novo todo poderoso do desporto nacional eternizou-se no poder. Logicamente, tinha seus méritos para ser beneficiado com sucessivas reeleições. 

A gratidão demonstrada pela cartolagem nacional era recompensada com viagens acompanhando ou mesmo chefiando a delegação da Seleção Brasileira em suas excursões, ajuda a clubes, federações etc.  

Só em janeiro de 1975, JH deixou o comando da CBD, que já funcionava em
prédio próprio, na Rua da Alfândega, também na área central da Cidade Maravilhosa. Foi quando passou a dirigir a Fifa, onde atuou até 1998, tempo suficiente para estar à frente de seis Copas do Mundo.

BOLA EM TODAS AS DIREÇÕES – Sob  o comando de Havelange, a Fifa fez o  futebol crescer nas mais diferentes regiões, principalmente pela Ásia e pela África. Durante seu reinado, o cartola  brasileiro visitou mais de 200 países.

Ao sair da presidência da Fifa, em 1998, substituído que foi pelo economista suíço Joseph Sepp Blatter, deixou a Casa organizada esportiva e financeiramente.

Presidente honorário da Fifa, Havelange, que também era membro do COI – Comitê Olímpico Internacional –, teve que tirar o time de campo para não ser processado.

TRÊS CONQUISTAS MUNDIAIS – Por sorte ou competência, três meses após assumir o comando do futebol brasileiro, João Havelange saboreou o gosto da conquista, na Suécia, da primeira das cinco Copas do Mundo levantadas pelo Brasil até agora.

Com Pelé e o genro Ricardo Teixeira, este já presidente da CBF

Ótimo início e uma expectativa melhor ainda para os anos que estavam por vir no que seria sua longa gestão à frente da CBD – a partir de 24 de setembro de 1979, CBF, Confederação Brasileira de Futebol, desvinculada dos demais esportes.
Sob sua tutela, o Brasil tornou-se bicampeão no Chile, em 1962, e campeão pela terceira vez, em 1970, no México.





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