SELEÇÃO CACARECO-5: Sangue pernambucano na epopeia gaúcha



Brasil representado pelo Rio Grande do Sul. Valdir, Oreco, Florindo, Odorico, Ênio Rodrigues e Duarte; agachados:Luizinho, Bodinho, Larry, Ênio Andrade e Chinesinho (internet)

Uma incontestável justificativa quanto à designação de Pernambuco para representar o Brasil no Sul-Americano Extra do Equador, em 1959, foi o fato de Rio Grande do Sul e Bahia já terem tido idêntica chance noutras competições internacionais.
Minas Gerais também pleiteou a vaga dada a Pernambuco, mas teve que esperar mais alguns anos.

DE SANTO AMARO PARA OS PAMPAS
Em 1956, o selecionado gaúcho, brilhou no II Pan-Americano, no México. Esse certame nada tinha a ver com os Jogos Pan-Americanos, evento multe esportivo que é levado a efeito de quatro em quatro anos.

O Brasil havia levantado a primeira edição do certame, em 1952, no Chile, e em gramados astecas, os gaúchos fizeram bonito, obtendo o bicampeonato.

Um dos destaques do time dos Pampas era o atacante pernambucano Bodinho. O apelido originou-se da força das cabeçadas de Nilton Coelho da Costa, nascido no Recife, em 1928, e falecido em Porto Alegre, em 2007, com 79 anos.

Bodinho, um pernambucano arretado (Terceiro Tempo)


Bodinho começou a carreira em 1943, no Íbis, que participava do Campeonato Suburbano. Em 1944 foi descoberto pelo Sampaio Corrêa, e no ano seguinte, numa excursão pelo Nordeste, o Flamengo aportou no Maranhão, gostou de seu futebol e levou-o para a Gávea.

De 1945 a 1949, o ex-jogador do rubro-negro do bairro recifense de Santo Amaro defendeu o rubro-negro carioca. Em seguida, depois de uma rápida passagem pelo hoje extinto Nacional de Porto Alegre, mudou-se, de bombacha e cuia, para o Internacional, cuja camisa vestiu de 1951 a 1958. No Colorado consagrou-se como um dos maiores nomes da história do clube. 

O CRAQUE ÊNIO ANDRADE
Um dos companheiros de Bodinho, no México, foi o meia Ênio Andrade, armador de alta capacidade técnica.

Em 1961, o porto-alegrense Ênio Vargas de Andrade após brilhar no Palmeiras e na Seleção Brasileira, chegava ao Recife para defender o Náutico.

Em meio ao Campeonato Pernambucano, não obstante ter levado o Alvirrubro ao título, no ano anterior, o técnico Gentil Cardoso foi dispensado. Ênio, como o   jogador mais experiente do grupo, passou a ter a dupla função de jogador e treinador. Estava plantada a semente para sua nova atividade no futebol.

Em 1962, o notável meia ainda jogou pelo São José de Porto Alegre, tendo descalçado as chuteiras onde iniciara a carreira. Posteriormente voltou ao Recife quatro vezes, já como treinador, para comandar o Santa Cruz (1976), o Sport (1977 e 1986) e o Náutico (1984).

DOMÍNIO BRASILEIRO
O Campeonato Pan-Americano constituía-se numa novidade.  A finalidade era cumprir o papel da atual a Copa América, colocando em confronto seleções das três Américas e não apenas as da América do Sul, como era o caso do Sul-Americano.

Na primeira edição, no Chile, em 1952, deu Brasil, tendo sido esta a classificação final: 1º) Brasil, 2º) Argentina, 3º) Chile, 4º) Costa Rica, 5º) México, 6º) Uruguai, 7º) Peru
Portanto, a Seleção Gaúcha viajou à Cidade do México, em 1956, em busca do bicampeonato e teve êxito absoluto, uma vez que a taça foi levantada invictamente, mediante estes resultados:
Brasil 2 x 1 Chile
Brasil 1 x 0 Peru
Brasil 2 x 1 México
Brasil 7 x 1 Costa Rica
Brasil 2 x 2 Argentina.

Colocações:
1º) Brasil,
2º) Argentina
3º) Chile
4º) Costa Rica
5º) México
6º) Uruguai
7º) Peru.

O campeonato foi realizado de 26 de fevereiro a 16 de março.
A equipe básica do Brasil era: Waldir; Figueiró, Florindo e Oreco; Odorico e Ênio Rodrigues; Luisinho, Bodinho, Larry, Ênio Andrade e Chinesinho. O técnico era Teté (João   Francisco   Duarte Júnior), um lendário personagem da história do Internacional.

BAIANOS NA TAÇA O’HIGGINS
Também vestindo a camisa do Brasil, a Seleção Baiana, comandada pelo técnico Pedrinho Rodrigues, disputou   a Taça O’Higgins em 1957, em Santiago.

Chamando atenção pelo cachimbo que usava dentro e   fora de campo, Pedrinho Rodrigues chegou a treinar o Central de Caruaru, na década 60. Na Capital do Agreste dividia sua função de técnico com a atividade de hoteleiro, como proprietário do Hotel Fortuna.

Baianos entram em campo com a camisa do Brasil. À esquerda, o técnico Pedrinho Rodrigues (Correio da Bahia)


A competição entre brasileiros e chilenos era bianual, com rodízio   de país. Constituía uma homenagem ao general Bernardo   O’Higgins, festejado pelos chilenos, como o grande líder da independência nacional. 

A equipe baiana que vestiu a camisa amarela tinha como   base o Vitória, time que Pedrinho Rodrigues comandara   no Campeonato Baiano, e era formada por Periperi; Pequeno, Henrique, Nelinho e Jota Alves; Pinguela e Otoney; Teotônio, Hamílton, Mattos e Raimundinho. Destes, haviam atuado em Pernambuco, Pinguela (Náutico) e Hamilton (América, Santa Cruz e Náutico), além do reserva Wassil (Santa   Cruz).

O Brasil perdeu um jogo e venceu outro. Em ambos, o placar foi 1 x 0.
A segunda partida foi seguida de uma prorrogação, com vitória chilena novamente por 1 x 0.


Comentários

  1. Salve, salve a Cacareco. Parabéns, Lenivaldo, Perservar a história do nosso futebol, é tarefá de todos nós!

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  2. Lembro que o meia-direita Matos, da Seleção baiana no Chile, representando o Brasil, vestiu a camisa do Náutico, logo após a saída de Ivson, em 1957.

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