SELEÇÃO CACARECO (15)



O FENÕMENO ELIAS CAIXÃO

Traçaia, Zé de Melo, Paulo, Geraldo e Elias, o ataque da Cacareco 


Na vitoriosa estreia do Brasil contra o Paraguai, o célebre Elias Caixão, já começando a dobrar o ‘Cabo da Boa Esperança’, transformou-se num verdadeiro azougue, correndo de um lado a outro do campo.

Incansável, Elias, um baiano que tinha sido do Vitória e da seleção da Boa Terra no Campeonato Brasileiro, despertou a atenção, entre outros, do ex-craque da Seleção Argentina Guillermo Stabile, que acompanhava a competição, como enviado especial de um jornal uruguaio.

– Que fenômeno esse ponta-esquerda! Quem é ele? – perguntou Stabile ao administrador da delegação brasileira, Jaime de Brito Bastos.
O antigo ídolo argentino mostrava-se um tanto irônico, insinuando que o baiano jogara dopado. O antigo craque platino tinha lá suas razões.


ESTIMULANTE
Afirmou Givanildo Alves em 1995, no capítulo 21 da série “História do Futebol em Pernambuco”, publicada pelo Diario de Pernambuco: “... Nessa noite, contra o Paraguai, Elias estava demais. Corria o campo todo, parecia um cavalo. Teve um momento em que sofreu uma falta perto da linha lateral e saiu gritando que estava cego. O médico Laudenor Pereira e o massagista João de Maria correram para socorrê-lo, e Elias, deitado, espumava, como um cão hidrófobo. Elias não estava cego. Elias estava era dopado. Tomara estimulante demais.”

Quando Jaime disse que se tratava de Elias Caixão, Stabile soltou uma sonora gargalhada.
– Caixón? – perguntou, admirado.

Stabile, ex-craque argentino: ironia (ptbrfacebook.com)

Jaime tratou de explicar que ele era meio quadrado em matéria de raciocínio, daí o apelido.
(Segundo Zezinho, o ponta-direita limoeirense Zezinho Caixão, certo dia houve uma desavença entre ele e Elias, no quintal da concentração do Náutico, situada à Rua Santo Elias, bairro do Espinheiro. Os dois se estranharam na disputa de um caixão vazio, que servia de assento, nas ‘resenhas’ dos jogadores. A partir daí o apelido Caixão passou a acompanhar o nome deles: Zezinho Caixão e Elias Caixão.)
 – Elias era uma espécie de Dedeu da sua época –, gostava de lembrar Jaime, referindo-se ao ponta-direita do Náutico, dos anos 70, baiano, como Elias, e que ficou célebre pelas expressões hilariantes a ele atribuídas, tipo “comigo ou sem migo”.

Dizem que um garçom, no Equador, ao oferecer mamão a Elias perguntou-lhe:
– Te gusta papaya, muchacho?
Ao que o jogador teria respondido, misturando espanhol e português:
– Me gusta papaya, mas me gusta muito mais mamaya.

Contou o superintendente da Seleção Brasileira, que dias depois da vitória por 3x2 sobre os paraguaios, foi abordado por Elias, nos seguintes termos:
– Tem um jornalista que quer me contratar pra jogar no Uruguai, mas eu acho que não vou. O dinheiro lá é completamente diferente do nosso e não vai dar certo.

Comentários

  1. Elias era uma figura, assim com Geraldo Bola Véia e o querido Jaime da Galinha.

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