UM FALSO RAÍ NO CASAMENTO IRLANDÊS



Copa do Reino Unido, com jogos em Londres, Dublin e Glascow. O Brasil entrou como convidado. O então presidente da Federação Pernambucana de Futebol, Fred Oliveira, foi agraciado com um convite para compor a delegação nacional, que era chefiada pelo presidente da CBF, Otávio Pinto Guimarães.



Os brasileiros encontravam-se em Glascow, capital da Irlanda, para enfrentar a seleção local. Como sempre, muita badalação em torno da equipe verde-amarela. No hotel onde estavam hospedados os canarinhos, certa noite, envolto num agasalho oficial, por causa do frio, Fred começou a circular, quando descobriu que num suntuoso salão, no próprio hotel, festejava-se um casamento. Festa chique, deu logo para sentir.

Da parte de fora, olhando pela vidraça, o dirigente pernambucano divertia-se vendo toda aquela movimentação em que o uísque corria solto – não poderia ser o contrário, uma vez que Fred encontrava-se na região onde nascera aquela espécie de água que passarinho não bebe.

Em dado momento, o presidente da FPF foi surpreendido com as gesticulações do noivo, convidando-o a entrar. Por não estar convenientemente trajado para um momento solene como aquele, Fred hesitou um pouco, mas diante da insistência do nubente, não se fez de rogado.

Estava acompanhado de um representante da Varig, na Região, de nome Adi. Deu um tempo e providenciou uma camisa da Seleção com o autógrafo de todos os jogadores. Entrou na festa triunfalmente, acompanhado de Adi, que pediu a palavra e fez um discurso, dizendo da satisfação do Brasil em participar do torneio, como único país fora do Reino Unido. Estar na competição era uma honra para toda a população da nação continente, esses babados todos. Terminou presenteando o noivo com a camisa da Seleção. O recém-casado não perdeu tempo, vestiu-a imediatamente. E foi aquele sucesso. Todos queriam dar uma olhada para conferir as assinaturas.

            A festa continuou rolando, com música, alegria e o ‘precioso’ líquido descendo pelas gargantas. Outros integrantes da delegação brasileira, inclusive jogadores, devidamente convidados, foram se incorporando à festividade, todos com o traje oficial. Adi, no seu discurso, por brincadeira, tinha apresentado Fred como sendo Raí. Este ainda era um ilustre desconhecido para os europeus.

O representante da saudosa Varig salientou que se tratava de um irmão de Sócrates, este sim, bastante conhecido por ter jogado na Itália e na própria Canarinha. Fred Oliveira, o Raí de mentira, ficou todo sem jeito, mas terminou assumindo a onda e terminou de dedos inchados de tanto conceder autógrafos.

            No jogo, vitória do Brasil sobre a Irlanda por 1x0, gol de Raí que, como não poderia deixar de ser, teve sua foto estampada em todos os jornais da capital irlandesa. Isso, sem falar nas imagens apresentadas repetidamente nos programas de tevê. Os participantes da festa devem ter chegado à conclusão de que o Raí que eles conheceram não era o legítimo, mas um Raí falsificado.



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