FEITO HISTÓRICO DO NÁUTICO


Hexacampeonato, a maior consagração dos alvirrubros


Em 1968, a obsessão por mais um título de campeão pernambucano dominava o pentacampeão Náutico, que tinha dado a volta olímpica sucessivamente em 1963/64/65/66/67. Os adversários, principalmente o Sport, armavam-se na ânsia de deter o Alvirrubro. Enquanto o técnico Duque permanecia à frente do time dos Aflitos, o Leão trazia o renomado Zezé Moreira, ex-técnico da Seleção Brasileira, com passagem por vários clubes de expressão. Todavia, Zezé durou apenas dois meses e alguns dias, uma vez que não resistiu às pressões da torcida, tendo sido encontrada uma solução caseira para substituí-lo, o pernambucano Astrogildo Nery, ex-jogador do América.

Time que começou o jogo do Hexa. Em  pé, Walter, Fernando Matias, Ivan Limeira, Gena, Jardel e Toinho; agachados, Miruca. Ramos, Nino, Ivan e Lala

O Náutico tinha passado por mudanças. O volante Salomão que, com Ivan formava uma fenomenal dupla de meia-cancha, havia descalçado as chuteiras, muito moço ainda, para concluir o curso de medicina, seguindo os passos de Gilson Saraiva, que antecipara o encerramento da carreira pelo mesmo motivo. O Timbu era um time famoso nacionalmente, haja vista suas proezas na Taça Brasil, da qual era vice-campeão, tendo, inclusive, representado o País na Taça Libertadores das Américas, juntamente com o campeão Palmeiras. 

O Campeonato Brasileiro ainda não existia, e a Taça Brasil era o referencial nacional. Os jogos contra os Deportivos Português e Galícia, da Venezuela, fizeram o técnico Duque, que já havia trabalhado no país vizinho, despertar a atenção para alguns brasileiros que atuavam lá. Assim, o Náutico, que precisava se fortalecer, trouxe do futebol da Venezuela, o zagueiro Fernando Matias, o meia-de-ligação Nilsinho, os atacantes Ramos e Rato e o ponta-esquerda Ede.


COMO FOI

Campeonato dividido em três turnos, o Timbu conquistou o primeiro e o segundo, e o Sport o terceiro. Como no ano anterior, Íbis e Santo Amaro só disputaram o primeiro turno.  Ganhar a etapa inicial não foi tão fácil. Alvirrubros e rubro-negros chegaram empatados e disputaram uma partida extra. Vitória do Náutico por 1 x 0, na Ilha do Retiro, gol de Rato.

No segundo turno deu o Timbu novamente, mas no terceiro, o Leão voltou a apertar, Desta vez levou vantagem, tendo havido outra partida extra. Vitória rubro-negra por 1 x 0, gol de Acilino. Esse triunfo, além da conquista do terceiro turno, candidatando o Sport a uma melhor de três com seu velho rival, quebrava uma invencibilidade de um ano e sete meses, e 35 jogos dos alvirrubros, no Estadual. O pentacampeão, no entanto, mantinha-se inviolável no seu reduto.

Veio a decisão. Estádios sorteados, primeiro jogo nos Aflitos. Vitória do Náutico por 1 x 0, gol de Ramos, de pênalti.

No segundo encontro, o Sport cresceu e venceu por 3 x 2, na Ilha do Retiro, gols de Zezinho, Acilino e Valter para o Sport, Nino e Ivan para o Náutico.

A bolinha girou em favor do Náutico ao indicar o Estádio Eládio de Barros Carvalho, no bairro dos Aflitos, venerado pelos alvirrubros, como o local da decisão.

O dia 21 de julho de 1968 foi um domingo de sol e de agitação no Recife. Só se falava na grande final. Muita gente comprou ingresso, mas não conseguia lugar. O jeito era voltar para casa. Confiança de parte a parte, nervos à flor da pele, muita combatividade, mas nada de gol, tornando-se necessária a realização de uma prorrogação de 30 minutos, com virada de barra aos 15.

O árbitro Erilson Gouveia, um sargento da Aeronáutica, informou não poder continuar por causa de uma distensão muscular. O bandeirinha número 1, Armindo Tavares, companheiro de corporação de Erilson, assumiu a responsabilidade de comandar a prorrogação, disputada sob intenso nervosismo, como não poderia deixar de ser.

O Sport, que terminaria o jogo com dois homens a menos – Valdeci e Zezinho foram expulsos – juntava suas forças para quebrar a resistência do adversário. O Náutico, invicto havia 74 jogos no seu estádio, onde perdera pela última vez em 29/12/1963, 3 x 0 para o Santa Cruz, fazia das tripas coração para garantir a conquista do hexacampeonato, que parecia próxima. 

O gaúcho Ramos no cenário onde fez história (Foto: nauticonet.com.br)

Duque que não contava com o quarto-zagueiro Fraga, machucado, substituído pelo apenas razoável Fernando Matias, mexeu no seu time, tirando o volante Jardel e colocando o ofensivo ponta-esquerda Ede, enquanto o ponta-direita Miruca dava o lugar a Rato. Queria aproveitar o entrosamento que os três haviam trazido da Venezuela, onde jogavam juntos. Deu certo. Aos 2 minutos do segundo tempo, Ede investiu pela esquerda, lançou para a área, nos pés de Ramos, que vinha na corrida e finalizou sem chance para o goleiro Miltão. Era o gol do tão sonhado hexacampeonato, conquistado em 21/07/1968.  
   
CAMPANHA

Primeiro turno
Náutico 3 x 0 Santo Amaro
Náutico 3 x 0 Íbis
Náutico 3 x 0 Ferroviário
Náutico 4 x 0 América
Náutico 7 x 1 Central
Náutico 3 x 2 Santa Cruz
Náutico 0 x 0 Sport
Jogo extra:
Sport 0 x 1 Náutico.

Segundo turno
Náutico 2 x 0 Ferroviário
Náutico 3 x 1 América
Santa Cruz 0 x 1 Náutico
Central 2 x 2 Náutico
Sport 1 x 2 Náutico.

Terceiro turno
Náutico 5 x 0 Ferroviário
Náutico 2 x 1 América
Sport 2 x 1 Náutico
Central 0 x 3 Náutico
Santa Cruz 0 x 0 Náutico
Jogo extra:
Sport 1 x 0 Náutico

Melhor de três
Náutico 1 x 0 Sport
Sport 3 x 2 Náutico
Náutico 0 x 0 Sport (tempo normal)
Náutico 1 x 0 Sport (prorrogação)

Números do hexacampeão campeão:
22 jogos
6 vitórias
3 empates
3 derrotas
51 gols pró
14 gols contra
37 gols de saldo

NÁUTICO 0 X 0 SPORT
NÁUTICO 1 X 0 SPORT (Prorrogação)
Local: Aflitos
Árbitro: Erilson Gouveia (Armindo Tavares)
Público oficial: 23.320
Gol: Ramos
Expulsões: Valdeci e Zezinho (Sport)
Náutico (hexacampeão):
Walter; Gena, Ivan Limeira, Fernando Matias e Toinho; Jardel (Ede) e Ivan; Miruca (Rato), Ramos, Nino e Lala. Técnico: Davi Ferreira (Duque).
Sport (vice-campeão): Miltão; Valdeci, Bibiu, Gilson e Altair (Zequinha); Valter e Soares; Dema, Acilino, Zezinho e Garcia (César). Técnico: Astrogildo Nery


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