Lucídio José de Oliveira,
médico e escritor
Faz algum tempo, um grupo de
jornalistas, muito deles meus amigos, entre os quais Antônio Portela, um dos
líderes, reuniram-se num restaurante em Boa Viagem para ouvirem, juntos, uma
fita com todo o jogo Uruguai 2 x Brasil 1, narrado na época por Antônio
Cordeiro e Jorge Cuiy para a Rádio Nacional. Isso foi logo depois que Paulo
Perdigão publicou no seu “Anatomia de uma Derrota”.
Uma e outra coisa, a
atitude inusitada dos amigos jornalistas e o antológico livro de Perdigão – uma
breve secção psicanalítica coletiva para se livrar e ajudar todos nós a se ver
também livre do trauma do Maracanazo, episódio esportivo que muitos,
metaforicamente, veem como a “luta tenaz e inglória do homem contra a morte” –
sempre me pareceram coisas solenemente patéticas. A reunião no restaurante e o
antológico livro de Perdigão.
Na vida ganham-se algumas batalhas para perder
justamente a última e definitiva, como pensa o jornalista citado. É o que
aconteceu, como se fora uma tragédia grega, na Copa de 50. O Maracanazo é
irremediável. Não volta atrás. Mudou a vida e o olhar de muita gente com
relação ao futebol. Mas não acontece de novo, não há uma segunda chance. Nem em
2014, o 7x1, no Mineirão, teve força demolidora igual. Nem o 7x1, nem Sarriá em
82. Derrota pra mim em futebol, depois do Uruguai 2x1, e eu tinha apenas 18
anos, passou a ser a coisa mais natural do mundo. Foi lição. E nada mais pesou
tanto em futebol.
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