SELEÇÃO CACARECO (21)

PERNAMBUCANOS SE IMPÕEM AOS CARIOCAS

Edson, Zequinha, Waldemar, Clóvis, Zé Maria e Givaldo (em pé); Traçaia, Biu, Paulo, Geraldo e Eli\as (agachados). Acervo do Blog


Ao eliminar o Pará, Pernambuco classificou-se para o Quadrangular Final do Campeonato Brasileiro de Seleções de 1959, o que acontecia pela segunda vez. A equipe alviazulina repetia o notável feito do certame de 1956, quando eliminou o Rio Grande do Sul e chegou entre os quatro, com São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Desta vez, ao lado da Terra dos Altos Coqueiros estavam novamente o tricampeão (1952/54/56) São Paulo, Rio de Janeiro, ainda Distrito Federal (vice-campeão em 1952/54/56), e Minas Gerais.

A estreia dos pernambucanos no quadrangular que apontaria o campeão em jogos de ida e volta, ocorreu em 27 de janeiro de 1960. No Recife, pelo centro da cidade ou pelos subúrbios diversas agremiações já faziam, à noite, os tradicionais ensaios de rua, preparando-se para o Carnaval.

MANGA E ALMIR
A equipe do Rio de Janeiro ou Distrito Federal lutava para levantar a taça, evitando que os paulistas se sagrassem tetracampeões. No time da Cidade Maravilhosa duas atrações especiais. Eram o goleiro Manga, do Botafogo, e o atacante Almir, do Vasco da Gama, ambos pernambucanos, revelados pelo Sport. Manga tinha sido campeão juvenil pernambucano em 1954 pelo Rubro-Negro sem levar gol, e em 1958 pelo profissional.

Almir deixou a Ilha do Retiro ainda como amador, em 1956. Jogou umas poucas partidas amistosas no time principal sem ter tido tempo de amadurecer. No Vasco, inicialmente ‘apadrinhado’ pelo conterrâneo Vavá, outro saído do Sport, o Pernambuquinho ganhou logo fama, haja vista a categoria e a coragem com que enfrentava os zagueiros que cruzavam seu caminho.

No Campeonato Carioca de 1958, espichado para 1959, depois de dois torneios extras envolvendo Vasco, Flamengo e Botafogo, no que se convencionou chamar de supercampeonatos, o time de São Januário sagrava-se super-super campeão ou hipercampeão carioca, com esta equipe: Miguel; Paulinho, Beline, Orlando e Coronel; Élcio e Valdemar; Sabará, Almir, Roberto Pinto e Pinga. Destes, estavam na Seleção Carioca, dirigida pelo estrategista Elba de Pádua Lima, conhecido por Tim, Sabará, Almir e Pinga.

REAÇÃO E CONTRARREAÇÃO
Na Ilha do Retiro, arbitragem entregue, de acordo com a norma vigente, ao carioca Antônio Viug, bastante conhecido dos pernambucanos. Havia dirigido os dois jogos Pernambuco x Pará, além de várias partidas no campeonato anterior.

O Estádio Adelmar da Costa Carvalho, popularizado como Ilha do Retiro, recebeu festivamente as duas equipes. Logicamente, Manga e Almir foram os mais procurados para os abraços e entrevistas. Manga era titular absoluto entre os cariocas, enquanto Almir ficou no banco de reservas, tendo sido utilizado no segundo tempo.

Jogo iniciado, logo aos 5 minutos, Pernambuco faz 1 x 0. Gol marcado pelo catarinense Osvaldo, chamado pela torcida de “O Bom Crioulo”, apelido dado pelo irreverente Aramis Trindade, o mesmo que criou o epíteto Seleção Cacareco. Explosão na Ilha, principalmente nas sociais, onde se concentrava uma boa parte de torcedores do Sport, o time de Osvaldo.

Os cariocas começaram a fazer infiltrações perigosas na defensiva pernambucana, usando os pontas Sabará e Pinga. Aos 27 minutos empataram, com Pinga, estabelecendo o placar de 1x1 para o primeiro tempo.

Para a segunda fase, o Rio voltou com Almir em lugar de Rossi, e Gentil Cardoso procurou fortalecer a marcação de sua equipe, com o tricolor Biu substituindo Osvaldo.

Logo aos 14 minutos, Almir mostrou que não tinha vindo de tão longe a fim de fazer graça na sua terra e balançou a rede, colocando os cariocas em vantagem. Depois de um certo descontrole, Pernambuco reagiu e virou o jogo. Traçaia foi o artífice da reação, marcando os dois gols que decretaram a vitória da Seleção Cacareco por 3x2, aos 24 e 40 minutos.

No dia seguinte, o Diario de Pernambuco rasgava esta manchete: “Cacareco sacudiu a Ilha do Retiro e não tomou conhecimento dos cariocas”.

Pernambuco: Waldemar; Zequinha, Edson e Givaldo; Zé Maria e Clóvis; Traçaia, Osvaldo (BIu), Geraldo, Paulo e Elias. Técnico: Gentil Cardoso.
Rio de Janeiro: Manga; Joel e Darci Faria; Amaro, Russo e Altair; Sabará, Rossi (Amir), Pinga, Décio Esteves e Babá. Técnico: Tim.

Comentários

Postar um comentário