SELEÇÃO CACARECO (22)



ELIAS CAIXÃO FEZ O ‘REI’ CHORAR


A vitória da Seleção Cacareco sobre a equipe do Rio de Janeiro teve uma imensa repercussão e muito entusiasmou os jogadores. O técnico Gentil Cardoso, extremamente vaidoso, abria um largo sorriso ao ser abordado no campo de treinos ou nas ruas por torcedores, conhecidos ou não.

Defesa do goleiro Waldemar diante do 'Rei' (Reprodução)

Em seguida, no dia 31 de janeiro de 1960, a Seleção Pernambucana, embalada pelo sucesso diante dos representantes da Cidade Maravilhosa, conseguia outra notável proeza ao derrotar a praticamente imbatível Seleção Paulista, a tricampeã nacional (1952/54/56), que caminhava para sagrar-se tetra.

No Estádio da Ilha do Retiro, em mais um jogo pelo Campeonato Brasileiro de Seleções, Pernambuco alcançava o auge na sua campanha ao registrar uma extraordinária vitória por 4x2 sobre os paulistas, triunfo valorizado pela presença na equipe bandeirante do maior jogador do mundo, Pelé.

A vitória pernambucana na Folha de S. Paulo (Reprodução)

ELIAS CAIXÃO, O HOMEM DO JOGO
A Ilha lotou e quem terminou recebendo os aplausos do torcedor, como havia acontecido no Sul-Americano, no Equador, foi o ponta-esquerda Elias. Ele mesmo, o baiano Elias Caixão, que defendia o Náutico, estava com a macaca, para usar um jargão da nossa terra, que virou frevo – “Tô com a macaca, me deixa pular” – regravado por Silvério Pessoa, alvirrubro, portanto, torcedor do time que Elias defendia em Pernambuco.

Os “cacarecos” viviam um belo momento, sendo   merecedores da confiança da torcida. Naquele   domingo, o   time   da   camisa   azul   e branca fez bonito, embora tivesse enfrentado aquela que era considerada a melhor seleção estadual do País. Na época o Campeonato Brasileiro de Seleções era levado muito a sério, embora já começasse a ser combatido. Na estada da equipe bandeirante no Recife, o presidente da Federação Paulista, Mendonça   Falcão, queixava-se   do   fato   de   o certame não ser rentável.

A queda dos paulistas no jornal O Globo (Reprodução)

Como se fosse uma orquestra bem afinada, que lia corretamente sua partitura, o time da casa exercia uma verdadeira pressão sobre os paulistas. Estes contavam com jogadores de ponta no futebol mundial, como os campeões mundiais Pelé, Gylmar, Zito e Pepe.
A marcha da contagem foi esta:

Primeiro tempo
1x0-Elias (PE), de falta, 17 minutos
2x0-Geraldo (PE), 31
3x0-Paulo (PE), 33

Segundo tempo
3x1-Pepe (SP), 16
3x2-Pepe (SP), de falta, 18
4x2-Elias (PE), de pênalti, 21.

Pernambuco:  Waldemar, Zequinha e Édson; Zé Maria, Clóvis e Givaldo; Traçaia, Geraldo, Paulo, Biu e Elias. Técnico: Gentil Cardoso.
São Paulo: Gylmar, Zé Carlos e Olavo; Zito, Juths   e   Oreco; Dorval (Julinho), Mário, Chinezinho, Pelé e   Pepe.  Técnico: Aymoré Moreira.
Árbitro: Anacleto Pietrobom (SP). Público oficialmente registrado, 12.672 espectadores

Waldemar e Gylmar; confraternização (Reprodução)

LÁGRIMAS DE CAMPEÃO
A   decepção   dos   visitantes   pôde   ser   avaliada através   de   uma   foto   publicada   pelo Diario   de Pernambuco, de Pelé, ainda nos seus verdes anos, chorando   após   o   jogo   e   sendo   confortado   pelo técnico Aimoré Moreira.
Um ano antes, ele também havia chorado, mas de alegria quando, ainda de   menor, pois tinha 17 anos, sagrara-se campeão do mundo na Suécia.


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