ELIAS CAIXÃO FEZ O ‘REI’ CHORAR
A vitória da Seleção Cacareco sobre a
equipe do Rio de Janeiro teve uma imensa repercussão e muito entusiasmou os
jogadores. O técnico Gentil Cardoso, extremamente vaidoso, abria um largo
sorriso ao ser abordado no campo de treinos ou nas ruas por torcedores,
conhecidos ou não.
Defesa do goleiro Waldemar diante do 'Rei' (Reprodução) |
Em seguida, no dia 31 de janeiro de
1960, a Seleção Pernambucana, embalada pelo sucesso diante dos representantes
da Cidade Maravilhosa, conseguia outra notável proeza ao derrotar a
praticamente imbatível Seleção Paulista, a tricampeã nacional (1952/54/56), que
caminhava para sagrar-se tetra.
No Estádio da Ilha do Retiro, em mais
um jogo pelo Campeonato Brasileiro de Seleções, Pernambuco alcançava o auge na
sua campanha ao registrar uma extraordinária vitória por 4x2 sobre os paulistas,
triunfo valorizado pela presença na equipe bandeirante do maior jogador do
mundo, Pelé.
A vitória pernambucana na Folha de S. Paulo (Reprodução) |
ELIAS CAIXÃO, O HOMEM DO JOGO
A Ilha lotou e quem terminou recebendo
os aplausos do torcedor, como havia acontecido no Sul-Americano, no Equador, foi
o ponta-esquerda Elias. Ele mesmo, o baiano Elias Caixão, que defendia o
Náutico, estava com a macaca, para usar um jargão da nossa terra, que virou
frevo – “Tô com a macaca, me deixa pular” – regravado por Silvério Pessoa,
alvirrubro, portanto, torcedor do time que Elias defendia em Pernambuco.
Os “cacarecos” viviam um belo
momento, sendo merecedores da confiança
da torcida. Naquele domingo, o time
da camisa azul
e branca fez bonito, embora tivesse enfrentado aquela que era
considerada a melhor seleção estadual do País. Na época o Campeonato Brasileiro
de Seleções era levado muito a sério, embora já começasse a ser combatido. Na
estada da equipe bandeirante no Recife, o presidente da Federação Paulista,
Mendonça Falcão, queixava-se do
fato de o certame não ser rentável.
A queda dos paulistas no jornal O Globo (Reprodução) |
Como se fosse uma orquestra bem
afinada, que lia corretamente sua partitura, o time da casa exercia uma
verdadeira pressão sobre os paulistas. Estes contavam com jogadores de ponta no
futebol mundial, como os campeões mundiais Pelé, Gylmar, Zito e Pepe.
A marcha da contagem foi esta:
Primeiro tempo
1x0-Elias (PE), de falta, 17 minutos
2x0-Geraldo (PE), 31
3x0-Paulo (PE), 33
Segundo tempo
3x1-Pepe (SP), 16
3x2-Pepe (SP), de falta, 18
4x2-Elias (PE), de pênalti, 21.
Pernambuco: Waldemar, Zequinha e Édson; Zé Maria,
Clóvis e Givaldo; Traçaia, Geraldo, Paulo, Biu e Elias. Técnico: Gentil
Cardoso.
São Paulo: Gylmar, Zé Carlos e Olavo; Zito, Juths e
Oreco; Dorval (Julinho), Mário, Chinezinho, Pelé e Pepe.
Técnico: Aymoré Moreira.
Árbitro: Anacleto Pietrobom (SP). Público oficialmente registrado, 12.672
espectadores
Waldemar e Gylmar; confraternização (Reprodução) |
LÁGRIMAS DE CAMPEÃO
A
decepção dos visitantes
pôde ser avaliada através de
uma foto publicada
pelo Diario de Pernambuco, de Pelé, ainda nos seus
verdes anos, chorando após o
jogo e sendo
confortado pelo técnico Aimoré
Moreira.
Um ano antes, ele também havia chorado,
mas de alegria quando, ainda de menor,
pois tinha 17 anos, sagrara-se campeão do mundo na Suécia.
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