SELEÇÃO CACARECO (23)

 GOLEADOR PAULO E PASSISTA MAINHA NA MANCHESTER MINEIRA


Em pé, Edson, Zequinha, Waldemar, Clóvis, Zé Maria e Givaldo; agachados, Traçaia, Biu. Paulo, Geraldo e Elias (Acervo do blog)


Por economia, a tabela do quadrangular final do Campeonato Brasileiro de Seleções estabelecia uma só viagem da equipe pernambucana ao Sudeste, para a realização dos três jogos fora de casa. Começava com a partida de ida contra Minas Gerais, seguindo-se os dois encontros de volta com cariocas e paulistas. O encerramento da campanha seria no Recife, com Minas x Pernambuco, jogo de volta. Cada seleção pagava suas passagens e hospedagem, ao contrário do que acontece hoje, quando a CBF custeia tudo.

Os dois selecionados, devido à sua boa participação no quadrangular final do campeonato anterior, em 1957, entraram em ação já na fase semifinal, na qual obtiveram estes resultados:
Pará 2 x 6 Pernambuco
Pernambuco 2 x 0 Pará
Santa Catarina 0 x 1 Minas Gerais
Minas Gerais 2 x 2 Santa Catarina

Na fase final, ou quadrangular, os resultados até então tinham sido:
Pernambuco 3 x 2 Rio de Janeiro
Pernambuco 4 x 2 São Paulo
Minas Gerais 3 x 4 São Paulo
Rio de Janeiro 6 x 0 Minas Gerais

CARNAVAL PRA MINEIRO VER
O futebol mineiro naquele campeonato estava sendo representado pela seleção de Juiz de Fora, importante centro industrial e desportivo, localizado a 283 quilômetros da capital, Belo Horizonte. A cidade tinha o epíteto de Manchester Mineira, tendo em vista sua vocação fabril tal qual a inspiradora Manchester, na Inglaterra.

A presença da Seleção Cacareco despertou a atenção dos torcedores, uma vez que a cidade vivia uma situação inusitada, primeiro por estar representando o futebol do Estado num campeonato nacional; segundo porque receber um time nordestino ou nortista era um momento raro para o povo juiz-forano; terceiro pela curiosidade que existia em torno da Cacareco, depois de sua participação no Sul-Americano, no Equador, vestindo a camisa da CBD e por causa das vitórias obtidas sobre o Rio de Janeiro e São Paulo, o tricampeão brasileiro, em busca do Tetra.

Durante a permanência em Juiz de Fora, alguns jogadores de Pernambuco, bem como o técnico Gentil Cardoso foram apresentados ao público num programa de auditório por uma rádio local.

O passista Manha, aplaudido por Walter, Clóvis e Waldemar (E), Geraldo e Aramis Trindade,  jornalista (D) (Foto: Murilo Guedes, Diario de Pernambuco)

Houve, na ocasião, uma demonstração de como se faz o legítimo passo pernambucano ao som de um frevo de rua, rasgado. Coube ao ponta-esquerda Mainha, autêntico folião, um dos fundadores da troça carnavalesca As Virgens de Olinda, mostrar sua habilidade de passista aos mineiros, acompanhando a orquestra da emissora. Foi muito aplaudido.

PAULO SUFOCA ALEGRIA MINEIRA
A primeira partida entre pernambucanos e mineiros foi realizada no Estádio Procópio Teixeira, em Juiz de Fora, no dia 3 de fevereiro de 1960.

Vitória pernambucana a duras penas por 2 x 1. A equipe interiorana, vestindo a camisa da Federação Mineira de Futebol, resistiu o mais que pôde, todavia, terminou tendo sua muralha defensiva aberta aos 40 minutos de jogo por intermédio do centroavante Paulo.
No segundo tempo, logo aos 4 minutos, o estádio vibrou. Minas Gerais empatou, com um gol de Ceninho, que havia substituído Luiz.

Seleção de Juiz de Fora, que representou Minas Gerais (Internet)

Porém, o popular ditado “alegria de pobre dura pouco” logo materializou-se no disputadíssimo encontro reunindo a Terra dos Altos Coqueiros e a Terra das Alterosas. A alegria mineira só durou um minuto, posto que aos 5, Paulo voltou a balançar a rede de Hélio. Os 40 minutos restantes foram dramáticos, com os visitantes resistindo bravamente aos locais, que lutaram com denodo para evitar a derrota.

Pernambuco: Waldemar; Zequinha, Edson e Givaldo; Zé Maria e Clóvis; Traçaia, Geraldo, Paulo, Biu e Elias. Técnico: Gentil Cardoso.
Minas Gerais: Hélio, Aderbal e Bico; Djalma, Francinha e Klébis; Isaías, Luiz (Ceninho), Mauro, Ipojucan e Toledinho. Técnico: Geraldo Magela.
Arbitragem de Antonio Viug, do Rio.

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