QUEM SÃO OS MENINOS?

 Lucídio José de Oliveira


Náutico no ainda embrionário Mundão do Arruda (Diógenes Montenegro)
 


O Náutico já tinha jogado no Arruda, em 22 de maio de 1966. Venceu o Santa por 1x0, gol de Lala. É um jogo que entrou para a história porque o árbitro Manoel Amaro, alagoano descoberto por Sherlock, aquele mesmo que apitou o milésimo gol de Pelé, no Maracanã, em novembro de 1969, ele, Manoel Amaro – estava onde a bola estava, batia o campo todo – impediu, como corpo estranho, que uma bola do Náutico entrasse. Ainda estava 0x0. Mal colocado, ao lado da trave à direita, com os pés na linha do gol, Manoel Amaro não deixou que a cabeçada de Nino tivesse o destino certo da rede...

A foto da postagem agora é de outro Santa Cruz x Náutico, no Arruda. Jogo logo a seguir, em novembro daquele mesmo ano. Outra vez Santa x Náutico no novo Arruda, a primeira partida dos dois, com as arquibancadas do futuro Mundão já erguidas em boa parte. O Santa Cruz venceu por 4x2. O Náutico estava envolvido naquele momento com a Taça Brasil. Tinha eliminado o Palmeiras, no Pacaembu, há uma semana, iria enfrentar o Santos três dias depois, na Ilha. É mole?

A foto é, pois, histórica. Pra mim, então, de um valor inestimável. Circula pelas redes, motivo de imensa alegria para mim. Existe motivo para tanto carinho de minha parte. É que foi ela batida com uma velha Rolleiflex de segunda mão, cansada de guerra, um presente que ganhara de um amigo me iniciando no campo da fotografia nos anos 60. O saudoso dentista Edenilson Barbosa Gomes. Trabalhamos juntos a vida toda, de 1960 até o final dos anos 80. As portas dos consultórios no serviço público lado a lado, no

hospital de Bonito, depois no INCRA, no Recife.

Foi assim: na preliminar do Clássico das Emoções, no Mundão do Arruda, que se erguia, jogava o Maguary, daqui de Bonito. Estávamos todos nas arquibancadas. Pouco antes de começar Náutico x Santa Cruz, desci alguns degraus e chamei Diógenes Montenegro, o baixinho Diógenes, do Diario de Pernambuco (Lenivaldo lembra dele, trabalharam juntos por muitos anos) e lhe pedi que me fizesse o favor de uma foto com minha máquina.

Hoje, impossível pensar, até porque aqui por esses lados não se bate mais fotografia de time de futebol na pose clássica antes de o jogo começar. Na Europa, não; as midiáticas fotos são batidas para a posteridade e ficam circulando nas redes. Os jogadores elegantemente perfilados, se bem que nem sempre guardando suas posições. Aqui, antes do lamentável sumiço houve um longo período de completa bagunça. Todo tipo de penetra, mais papagaio de pirata que jogadores, estes com o deplorável boné da obrigatória propaganda cobrindo o rosto, deformando o perfil... E o pior, o jogador do ataque nem de pé nem elegantemente acocorado, como antigamente, numa postura grotesca sugerindo atividade fisiológica que não se fotografa...

A foto histórica, que de mim sempre mereceu o melhor carinho, aparece de quando em vez publicada nas redes. Tem uma curiosidade e cada vez que a vejo, penso nela: quem são os quatro garotos à frente de Mauro, Gena, Fraga e Zé Carlos? Decerto são hoje homens com não menos ou se aproximando dos 60. Ainda acompanham o Náutico nos Aflitos? Também, penso que sim. Quem sabe os nomes que os diga agora, Ou se cale para sempre...

(Na foto, para o registro histórico: em pé: a linha de ataque, Miruca, Bita, Nino, Ivan e Lala; embaixo, a defesa, Mauro (central), Gena (lateral direito), Lula, Fraga (quarto zagueiro), Zé Carlos (volante) e Clóvis (o bravo lateral esquerdo).

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