EDINHO DAS LAGOSTAS
Edinho, de fisicultor a presidente do Santa (Desciclopédia) |
O Santa Cruz preparava-se
para uma viagem a São Paulo, onde disputaria um jogo pelo Campeonato
Brasileiro. O preparador físico Edson Nogueira, Edinho, que muitos anos depois
seria presidente do clube, foi procurado pelo dirigente João Caixero.
Gerente de uma agência do
Banco Safra, no Recife, Joca, como é conhecido na intimidade, resolveu mandar
uma mensagem acompanhada de um presentinho para o gerente-geral da instituição,
que tinha como sede a Pauliceia Desvairada. A pequena lembrança, dizia
modestamente o funcionário do banco, consistia numa caixa de lagostas da melhor
qualidade, bem no estilo Rubem Moreira, que costumava agradar a alta cartolagem
da CBF, com o precioso crustáceo. Ao ouvir o pedido do diretor, Edinho não se
fez de rogado. Respondeu com o habitual “deixe comigo”.
Para se entender o restante
da história é bom lembrar que Edinho tinha sido preparador físico do Corinthians,
em 1976, na época de Duque no Parque São Jorge, e fizera uma grande amizade com
o presidente corintiano, o folclórico Vicente Mateus, e sua mulher Marlene.
Ao chegar à capital
paulista, Edinho começou a meditar sobre as dificuldades que teria para
entregar o presente, pois não seria fácil, pensava, chegar ao chefão do Banco
Safra. Teria trabalho pela frente, com o treinamento do Santa. Poderia se
atrapalhar em sua atividade no clube. Achou que não dava. É a velha história de
que para quem não quer, qualquer desculpa serve. Ainda mais, aquilo nada
acrescentaria ao seu currículo profissional ou afetivo.
Àquela altura, a caixa de lagostas
já se constituía num senhor problema para o funcionário do Santa. Como se
livrar dela? – raciocinava. Foi quando teve o famoso estalo de Vieira.
Como havia agendado uma
visita a Vicente Matheus, nada mais razoável do que levar um presente para Dona
Marlene. A primeira dama corintiana ficou emocionada, desmanchou-se em
agradecimentos e só não fez se ajoelhar diante daquele ex-funcionário do Timão
que, em sua casa, era tratado como se fosse membro da família.
Cumprida,,mais na base da gozação, a primeira parte da
enrascada em que se metera, restou a Edinho engendrar o segundo capítulo, que
era o que dizer a Caixero na volta ao Recife.
Policial, professor da
Academia de Polícia Civil – logo chegaria a delegado –, acostumado a lidar com
a mais alta malandragem, o preparador físico do Santinha logo encontrou a
solução.
Ao ser indagado pelo
dirigente sobre a entrega da encomenda, respondeu na cara de pau:
– Joca, você me criou um
sério problema. A caixa de lagosta foi colocada no frigorífico do hotel, e
aquela porcaria apodreceu. Só sentindo e vendo de perto, o fedor e a sujeira. O
gerente me chamou educadamente para ver o estrago causado, e então jogaram no
lixo as lagostas deterioradas.
Acabrunhado, Caixero pediu
desculpas a Edinho pelo transtorno, mas com o tempo ficou sabendo da realidade.
O fato virou uma grande gozação entre os dirigentes do Santa, mas não chegou a
prejudicar a amizade entre Caixero e Edinho, que perdura até hoje.
Comentários
Postar um comentário