BOLA, TRAVE E CANELA-Lenivaldo Aragão

 MENGÁLVIO E O PRESIDENTE JANGO

 

Mengálvio brilhoue na época de ouro do Santos (rês Pontos


O ex-ponta-esquerda Pepe, do Santos escreveu um livro chamado  “Bombas de Alegria” (Editora Realejo). Tem muita coisa do folclore do mundo do futebol, tudo contado por quem viveu ou acompanhou os fatos de perto. Através dos anos, Pepe foi juntando as histórias. Quando ele era técnico do Náutico, nos anos 80, chegou a mostrar-me alguns desses causos. O livro ainda era apenas um projeto. Um dos personagens de Pepe era  Mengálvio, um meia-armador talentoso que fez parte de um dos maiores ataques do futebol mundial: Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe. Era um cracaço. Era um tipo divertido e entrou no folclore do futebol, como aconteceu com Dedeu.


Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe, o poderoso ataque santista


Mengálvio esteve na Copa de 1962, no Chile, quando o Brasil sagrou-se bicampeão. Era reserva do célebre Didi. Com o “Folha Seca” no apogeu era difícil ele entrar no time. A não ser que fosse por contusão, como aconteceu naquele mesmo campeonato – o Brasil foi bicampeão, com Amarildo no lugar de Pelé, machucado.

Além do bi no Chile, Mengálvio foi seis vezes campeão paulista, cinco vezes vencedor da Taça Brasil, ganhou três vezes o Rio-São Paulo e conseguiu ser duas vezes campeão da Libertadores e mundial, tudo pelo Santos.

Seleção Brasileira em excursão à Europa: em pé, Jair Marinho, o pernambucano Zequinha, Nilton Santos, Zózimo, Gylmar, e Mauro; agachados, Garrincha, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe


Mas, vamos às histórias de Pepe. Ele conta que, logo após o título de 1962, o presidente João Goulart ofereceu um banquete aos campeões na Granja do Torto. Depois do almoço, o tímido Mengálvio conversava longamente com o Presidente e, ao anoitecer, quando foi embora, Mengálvio apertou a mão de Goulart e disse:

- Não vai se esquecer hein, “presida”?

Depois ficou-se sabendo que o meia tinha deixado um bilhete nas mãos de Jango, como era popularmente conhecido o chefe da Nação, pedindo um emprego para sua irmã, que se formara como professora.

Foi alvo da gozação dos jogadores. Para estes, o Presidente da República esqueceria o assunto ali mesmo. “Não posso fazer nada, valeu a intenção”, justificava-se o meia, que ainda levou uma bronca dos diretores do Santos por ter incomodado o presidente da República com com tamanha besteira.

E não é que três semanas depois do ocorrido, Samira, sua irmã, estava lecionando no bairro do Macuco, na cidade de Santos? Ou seja, a ousadia de Mengálvio deu certo! E ele foi atendido por Jango.

 

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