ALÔ, ALÔ, SAUDADE!-Paulo Moraes

A PORTUGUESA DE INÁCIO E O BANGU DA RUA VISCONDE 


 


Estamos chegando com a coluna nova do "Alô, Alô, Saudade!". Vamos continuar com a viagem futebolística e romântica na querida Caruaru, nos anos 50/60. Na minha adolescência participei de dois times de futebol, Portuguesa e Bangu. A Portuguesa tinha como cartão de apresentação, pelo menos, três furos na sua melhor camisa. Como era pobre a equipe de pés descalços de Inácio. Ele, apesar de dono do time, era titular absoluto da meia esquerda porque jogava um bolão. Bom também era o centroavante Cabaço, veloz e goleador.




·         Lembranças de vitórias da Portuguesa, não tenho. Recordo mesmo é da derrota por 7 x 1 para o Santa Cruz, um tricolor da cidade onde nasci, Santa Cruz do Capibaribe. Digo a vocês, que não foi somente a Seleção Brasileira a perder por este escore. Ninguém esquece a humilhante goleada para a Alemanha, na Copa de 2014. Eu também não tiro da cabeça o 7 x 1 que nós da Portuguesa levamos no então chamado campo do Ypiranga.

       Rumo a Santa Cruz do Capibaribe viajamos num Toyota, onze meninos num aperto que fazia dó,  no transporte da época entre as duas cidades. Foi mais ou menos de uma hora a duração da viagem, um percurso de 50 quilômetros. Não havia ônibus.

DDepois da Portuguesa, fundamos o Bangu, da Rua Visconde de Inhaúma. Joguei umas cinco partidas, apenas, pela nova equipe. Não perdi nenhum jogo. Por que tão poucos jogos? É que, já com 18 anos, fui despedido da loja de tecidos Pessoa Filho e Companhia. É Importante dizer que saí de lá, não foi por incompetência.

Eu era contínuo e na época recebia a metade de quem era registrado na empresa, com o salário de maior. Como não quis ser balconista porque não tinha aptidões para exercer a nova tarefa e não poderia continuar na mesma função, com a remuneração duplicada, rumei para tentar a sorte no Recife, amparado pelos irmãos Lenivaldo e Lenildo. No jogo da minha saída do Bangu, empatamos por um a um, com uma forte equipe do bairro Rosário Novo, que margeia a BR 232. Não sei se o bairro mudou de nome. Lá ficava a majestosa sede do Comércio, clube que fez sucesso em Caruaru, muito mais na vida social que no futebol. Eram famosas as manhãs de sol no período carnavalesco.

   No empate da partida de despedida, não é história de trancoso, eu juro, o gol do Bangu foi meu, num chute de longa distância, quase do meio de campo. Belo arremesso, de pé esquerdo, no ângulo do goleiro. As camisas do Bangu eram novas, compradas na feira famosa de Caruaru, tão bem retratada nos versos do grande compositor, filho da cidade, Onildo Almeida. Música que percorreu o mundo na maravilhosa e saudosa voz de Luiz Gonzaga. Diz a letra e que quase todo mundo sabe, que "na Feira de Caruaru tem tudo pra se vender' e vai por aí. "E se duvidar, tem até sapo cururu "... Eita cabra da peste bom demais, esse Onildo. 

   As camisas do Bangu, ganharam no branco, uma faixa vermelha, no formato igual à do Vasco, costuradas pela minha irmã, hoje médica aposentada, Salete. A camisa do goleiro era toda vermelha, herdada do time de futebol de salão da loja Pessoa Filho. Lembro aqui que Pessoa Filho, era a grande concorrente das Casas José Araújo, tão exaltada pelos anúncios publicitários, principalmente nos dias anteriores e durante o Carnaval. A formação do Bangu no meu adeus num domingo pela manhã: Galego – não lembro o nome do lateral direito e Louro; Eu, Nestor, também chamado de Fieca, não sei por qual motivo, e Luiz de dona Corina; Pinguim, Denis, Careca (o antes chamado, e já citado Cabaço, da Portuguesa), Gerson e Rubens. Técnico? Eram todos nós. A foto do Bangu perdi. A da Portuguesa, nunca foi batida.

   Antes do Bangu, jogávamos peladas numa área um pouco afastada do perímetro urbano. Junto de nós, os garotos das ruas Visconde e São Paulo, Dida, que mais tarde seria goleiro do Central. Por sinal, fui eu a lançá-lo na posição. A informação não é falsa, acreditem. Ele não pode confirmar ou desmentir porque já nos deixou, há um bom tempo foi ao encontro de Deus. 

    Bons tempos, bons tempos. Da outra Portuguesa, a Portuguesa famosa da Rua Preta, que fazia com o América, também de lá, o maior clássico suburbano da Capital do Agreste. Na Portuguesa, foi revelado o meia Paulo Roberto, que depois jogou no Central e no Náutico. Paulo Roberto, como Rivelino no Corinthians, levava a torcida nas manhãs dos domingos, aos jogos disputados no campo do Vera Cruz, o hoje Estádio Antônio Inácio de Souza. 

No América, o ídolo era o meia Agenor e foi nesse clube que surgiu Fernando Lima, como zagueiro, e que depois se transformaria em ponta e faria uma elogiada ala esquerda no Central e no Sport, com Vadinho, o maior jogador de toda a história do futebol de Caruaru. Isso mesmo, Fernando Lima começou como zagueiro e foi ser atacante quando alcançou o profissionalismo. 

   Eu era, como sou ainda hoje, um apaixonado por futebol e pelo Santa Cruz, o Clube das Multidões e o mais querido de Pernambuco. Pausa, por enquanto. Logo voltarei com nova escrita, pra falar do Central, do Comércio, outra vez do Vera Cruz, do São Paulo e do Rosarense. Eram os times de Caruaru do futebol amador até os anos 60. E tem a deliciosa história da bola que derrubou as cocadas que eu vendia. Sim, vendi cocada lá na minha querida e inesquecível Caruaru. ATÉ!!!

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