A VINDA DE ZÉ MARIA PARA O SPORT E O FURO DE CASTELÃO
Bria, Manga, Osmar, Nicolau, Zé Maria e Ney Andrade, em pé; Traçaia, Pacoti, Valter, apelidado de Barrão, Soca e Elcy, agachados, uma das formações antigas do Sport (Arquivo do Blog)
Ao mesmo
tempo em que lamento a morte do ex-capitão do time do Sport, Zé Maria, neste
domingo 21/03/2021, com 89 anos de idade, recordo um fato pitoresco que marcou
sua chegada a Pernambuco, onde fincou os pés para sempre.
Em
1952, quando da inauguração do novo Estádio dos Aflitos, oficialmente chamado
de Eládio de Barros Carvalho, houve um torneio com a participação de vários
campeões estaduais, entre os quais a Tuna Luso Comercial, hoje Tuna Luso
Brasileira, de Belém. Na equipe paraense um jovem magro, meio sarará, logo
chamou a atenção do torcedor pernambucano. Era o volante Zé Maria. Seu futebol
mereceu muitos elogios da crônica esportiva de Pernambuco, pelo toque refinado
e pela combatividade. O Torneio dos Campeões do Norte/Nordeste, que terminou
sendo levantado pelo Náutico, teve os seguintes convidados, além da Tuna:
Ceará Sporting (Ceará), América (Rio Grande do Norte), Treze (Paraíba),
CRB (Alagoas), Confiança (Sergipe) e Ipiranga (Bahia). Em meio a jogadores
das mais variadas procedências, o grande destaque terminou sendo o paraense
José Maria Sales, ainda dando os primeiros passos na carreira, mas já contando
em seu currículo com o título de campeão paraense.
O Sport conseguiu trazê-lo |
Começou a corrida entre os clubes pernambucanos pela sua contratação. Graças à
presença de um paraense na diretoria do Sport, o comerciante Manuel Ribas, o
Leão teve mais facilidade para conversar com o atleta e os dirigentes de seu
clube. Terminou trazendo o jogador. E não se arrependeu. Durante oito anos, Zé
Maria honrou as cores rubro-negras, a maioria carregando a braçadeira de
capitão, dado ao seu espírito de liderança, ao senso de disciplina e à cordialidade
com que tratava todos que o cercavam.
Como jogador leonino integrou a famosa
Seleção Cacareco. Esta, sob o comando de Gentil Cardoso, o treinador que levou
o Sport a sagrar-se campeão pernambucano em 1955, no ano do cinquentenário
leonino, representou o Brasil num campeonato sul-americano no Equador. Isso em dezembro
de 1959. Na mesma equipe, Zé Maria foi vice-campeão do Brasileiro de Seleções,
em 1960.
Eu e Zé Maria em foto para um tabloide sobre os 60 anos da Seleção Cacareco |
A vinda de Zé Maria para Pernambuco não foi nada fácil. Ainda amador, ele mesmo conversou com os dirigentes da Tuna, que cresceram os olhos na negociação. O jogador não queria perder a oportunidade. Pernambuco era uma espécie de Eldorado para jogadores do Norte e do Nordeste. Zé do Norte, como eu lhe chamava, num tratamento estritamente coloquial, ameaçou encerrar a carreira se não viesse. Ganhou a parada.
Sua contratação pelo Sport foi anunciada com grande estardalhaço. No dia da
chegada havia uma enorme agitação entre torcedores. Zé Maria viajava num avião
da Panair do Brasil, e numa escala
Zé Maria com a camisa da antiga CBD
O
pessoal da PRA-8 subiu pelas paredes ao saber que Castelão havia sequestrado o paraense. A equipe da
Avenida Cruz Cabugá deixou o antigo Aeroporto do Ibura (o Guararapes ainda não
existia) e rumou para a BR-101, a estrada que leva à capital paraibana. À
altura da cidade de Paulista, a
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