ALÔ. ALÔ, SAUDADE-Coluna de Paulo Moraes

 Problemática e solucionática

O Peito de Aço assanhou a torcida rubro-negra (Foto :reprodução da revista Placar)


Vejo no blog Lenivaldo contar histórias do querido Dario. Lembrei então da chegada do Rei Dadá para defender o Sport em 1975. Relatei o fato no extinto Jornal da Cidade. Leia trechos da reportagem de 46 anos atrás:

 Humilde, bom papo, um português claudicante, um pouco fabricado para sua própria campanha, Dario, o Dadá das massas, de camisa xadrez, calça azul, pulseira no braço direito, entra no pequeno auditório da Rádio Clube de Pernambuco, seguindo os dirigentes. Para junto à cadeira central de uma longa mesa, instalada no palco. Levanta os braços e emociona cerca de mil pessoas, já ali desde cedo, prontas par homenagear o seu novo ídolo ou então o futuro ídolo. É Dario, que reconhece suas limitações técnicas, mas que também confessa ser um artilheiro nato chegando para ajudar o Sport a ser campeão.

     Para a torcida, Dario representa a esperança de muitos gols no campeonato e, talvez, até mesmo o título. Para o Sport, isso tudo e mais o grande risco de uma contratação audaciosa, que pode dar certo ou não "mas necessária para o clube lutar pelo título", como diz entusiasmado Paulo Maia, um dos conselheiros influentes do clube.
   "Dario, Dario, Dario... Pelo Sport tudo".

     A manifestação da torcida, no auditório da Rádio Clube, é quase constante: "Continuarei fazendo gols, mas agora, os do Sport”.
Dario é aplaudido, com a frase solta, rápida e bonita.
     As qualidades de Dario são até hoje discutidas em todo o Brasil. Sem técnica apurada, incapaz de voltar para buscar jogo, Dario tem compensado essa deficiência com muitos gols, pelo Campo Grande (Rio), Atlético (mineiro) por duas vezes, e Flamengo:
     " Não me considero um craque, sei que sou fraco tecnicamente, mas sou útil. Faço gols, o que a torcida sempre quer. E estou aqui para atender o desejo da torcida do Sport".
     Dario foi chamado para ir a uma das janelas da Rádio para saudar outros cercas de mil torcedores que não tiveram acesso ao auditório porque não havia mais espaço pra alojá- los. E lá fora, aos gritos de "Dario, Dario", da torcida, o "Bafo do Leão", tocou fortemente o frevo "Vassourinhas", provocando imediatamente a adesão de quase todos os torcedores que começaram a fazer o passo. Ali, Dario permaneceu quase dez minutos, fornecendo autógrafos a algumas moças que tiveram direito a se localizar no auditório.
     Gentil, humilde, Dario foi para uma sala onde tomou água mineral e conversou mais folgadamente com os repórteres de jornal. E disse:
   "Depois de jogar quatro anos no Campo Grande, fui para o Atlético onde fiquei de 68 a 72. Em 73 fui para o Flamengo, voltando ao Atlético no ano passado. Fui artilheiro em 69 ,70, 72, 73 e 74, o que prova minha capacidade de fazer gols. Eu não sou craque, mas faço gols, é o que a torcida quer".
   Dario volta ao auditório, presta novos esclarecimentos e protegido por nove soldados da Rádio Patrulha, vai a um carro que o levaria para jantar com os dirigentes do Sport.

Dario não tinha técnica, mas conhecia o caminho do gol (Foto: reprodução Vozes da Zona Norte)


     Assim está contada uma das centenas de histórias de Dario, que dizia não haver problemática, e sim, solucionática. Ou que só havia três coisas que paravam no ar: ele, helicóptero e beija-flor.
   Um grande abraço amigo e amiga. Logo voltarei com outras letras de saudade! 

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