ALÔ, ALÔ, SAUDADE!-Coluna de Paulo Moraes

 Nado e Cuíca: para eles, tamanho não era documento


Nado, o Pequeno Polegar dos Aflitos 
 

Esta semana, abro espaço para dois pequenos polegares da ponta direita do futebol pernambucano de tempos atrás.
Começo com Nado, sete bom de bola do Náutico. Corria com ligeireza pela margem do campo e driblava muito bem. Formou por três ou quatro anos uma ala direita infernal com seu irmão Bita, o Homem do Rifle.
Nado chegava fácil à linha de fundo, os cruzamentos dele eram perfeitos para ajudar os artilheiros, principalmente Bita e Nino, este um emérito cabeceador.

Quando vi Nado jogar pela primeira vez foi por uma seleção juvenil pernambucana. E não foi na ponta. Ele era meia- esquerda e já empolgava. Foi num amistoso em Caruaru, no ano de 1958, acho que contra o Central. Nem lembro qual o vencedor. Como ponta extraordinário, só não foi da Seleção Brasileira na Copa de 66, na Inglaterra, porque se deu preferência em levar Garrincha fora de forma e quase em fim de carreira. Garrincha foi o melhor de todos até hoje, mas viajou ao Mundial resguardado pelo nome e por decisão política da antiga CBD, a Confederação Brasileira de Desportos, que virou CBF, do presidente João Havelange. Neste mesmo ano de 66, Nado, 1,65 m de altura, 248 jogos e 40 gols nos quase oito anos como jogador profissional do Náutico, mudou-se para o Vasco. No Rio brilhou intensamente e defendeu em três ocasiões a Seleção Brasileira em jogos amistosos. Defendeu lá, ainda, o pequeno e na época forte Olaria. Encerrou a carreira no futebol cearense em defesa do Fortaleza e do Ceará. Ou melhor, atacando. Na terra alencarina foi ídolo, como já fora no Náutico e no Vasco.

  

O ex-alvirrubro na Seleção

 Nado nos deixou aos 74 anos, em maio de 2013. Aqui ficaram uma filha e um filho, este, diferente do pai, pois era bom das mãos e não dos pés, ao manejar com maestria um violão nas tardes e noites de Olinda. É craque nas cordas e na voz. Ele se chama José Rinaldo, como se chamava o pequeno polegar alvirrubro, mas que virou Nado na arte da bola.
   Outro ponta a não esquecer tinha o nome de Cuíca, também baixinho. No cartório foi registrado como João José Venceslau. E por que Cuíca? Não sei. E não sei também porque nunca lhe perguntei. Falha minha, erro de repórter.



A exemplo de Nado, era rápido e nota dez, tecnicamente. Cruzava muito bem e fazia gols. Foi dele, por exemplo, o gol do tri pernambucano tricolor em 1971. O Santa venceu o Sport, no Estádio da Ilha do Retiro, na quarta-feira à noite do dia 21 de julho, por um a zero:
   – Gena (era lateral direito) deu um chute na bola até Fernando Santana (era meia) e este passou-me a bola para eu fazer o gol – costuma lembrar Cuíca.
   Lembro do gol. Foi na prorrogação. E o Santa só precisava do empate pra ser campeão. Para os tricolores, vencer foi melhor ainda.
  Cuíca, bom de bola e de apito, também. Foi árbitro da Federação Pernambucana por 20 anos. Apitou a final do estadual de 1989. Marcou corretamente um pênalti quase no fim do jogo, Bizu bateu e fez dois a um no Santa Cruz. e o Náutico foi campeão.
   Sabe com quem Cuíca jogou? Com Gena, Fernando Santana, já citados acima, o atacante Ramon, o goleiro Detinho, o armador Luciano, o volante Givanildo e outro bocado de craques dos anos 60 e 70. Ele vestiu ainda a camisa do recifense América. Mas sua camisa verdadeira tem as cores preta, branca e vermelha do Santa.
   Acabei de contar mais uma história do nosso futebol de ontem. História que eu vivi, amigos e amigas. Na próxima semana, volto a ter contato com vocês, através das letras. Até lá!

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