ALÔ, ALÔ, SAUDADE! - Coluna de Paulo Moraes

 TOINHO BIRO-BIRO


 

No Sport ao iniciar a carreira (Foto do Blog)

   Cheguei, estou de volta com nova história dos velhos tempos. Falo, nestas letras, do pernambucano Biro-Biro, o Toinho que fez o gol do Sport, vencedor do primeiro turno do Campeonato Pernambucano de 1977. O Leão ganhou por um a zero, do Santa Cruz, numa noite, no estádio da Ilha do Retiro.

   Lançado pelo técnico gaúcho Ênio Andrade, aos 18 anos, a revelação rubro-negra Toinho Biro- Biro se consagrou nesse jogo e abriu as portas para se transformar em um dos maiores ídolos da Fiel corintiana em todos os tempos.
Biro ganhou tanta fama, que foi eleito vereador em São Paulo, para ser depois candidato a deputado federal derrotado. E ganhou o amor da filha de Isidoro, irmão do histórico presidente do alvinegro do Parque São Jorge, Vicente Matheus. O Vicente que apresentou Biro, quando o contratou naquele mesmo ano de 77, com o nome de Lero- Lero. Foi o mesmo cartola de frases engraçadas como "comigo ou sem migo o Corinthians vai ser campeão". Ou "o Sócrates é inegociável, invendável e imprestável". E tantas e tantas outras.
   

O volante pernambucano encantou os corintianos (Foto: reprodução internet)

   No Corinthians, o ex- Toinho campeão pelo Sport em 1977, no seu primeiro ano como, colocou a faixa de títulos paulistas pelo Timão em 1979, 82 ,83 e 88. Depois, ele vestiu as camisas da Portuguesa de Desportos, do Coritiba, do Guarani, do Paulista, do Remo, do Botafogo de Ribeirão Preto e do Nacional da Paulicéia. E, quando deixou de jogar, foi treinador do Grêmio Mauaense, do Barra do Garças, Francana e Guarujá, pequenos clubes de São Paulo. Hoje é aposentado.
   Entrevistei Biro-Biro nos primeiros dias de janeiro de 1979 para a Placar, convocado por Lenivaldo, o responsável por este blog, no qual participo com minha coluna, e na época correspondente da revista no Recife. Fiz dupla com Lenivaldo. Na conversa com o jogador que viera a Pernambuco nas primeiras férias obrigatórias concedidas pelo Corinthians, Biro ficou na casa da mãe, Ivanice Marques de Sousa, a sua antiga moradia, no bairro de Rio Doce, em Olinda.
   Arrancar palavras de Antônio José da Silva Filho, de 19 anos, o Toinho, depois Toinho Biro-Biro e no Corinthians só Biro-Biro, foi difícil. O volante, acanhado, falava pouco. Mesmo assim, extraímos falas dele, frases hoje buscadas no meu sentimental arquivo e reveladas aqui nesse cantinho de saudade:
  "Sabe o Sport? A torcida do Sport é fanática, mas não como a de lá (os corintianos). Eles torcem muito, são muito vibrantes. Os torcedores são mais do que quentes. Aqui, tem alguns fanáticos, mas lá são todos fanáticos. Em toda parte que você chega, a turma só falta chorar. Em todo lugar você é parado. Uma agitação medonha. O Sport é uma time grande, mas o Corinthians é grande em tudo, e tem aquela torcida".
   "Quando entrei no avião, aqui em Recife, sabia que ia para São Paulo, mas não sabia o time. Só estava preocupado em que não desse certo, mas tudo saiu bem no começo. Fiquei em dúvida, pensando comigo mesmo: se não acertar, fico na pior. Mas, graças a Deus, deu tudo certo".
   "Diziam: o Corinthians queria Batista (do Internacional) e contratou dois jogadores - Biro e Biro. Outra: diziam que tinham me levado para eu encher a barriga lá, vivia morrendo de fome. Outra: que em Recife eu era Biro-Biro, em São Paulo ia virar Lero- Lero. Mas essas coisas nunca me abalaram".
   "Jogando em São Paulo, é mais fácil chegar à Seleção. Aqui é muito difícil. A turma lá promove muito os jogadores. Em Pernambuco, a imprensa promove, como me promoveu. Mas, lá, a gente fica mais perto da Seleção. E vou chegar lá".
   Biro-Biro, nome copiado do pai, Antônio José da Silva, não chegou à Seleção.
   Antes do papo para a Placar, quase no fim de dezembro de 1978, eu havia feito uma longa reportagem com Biro para o paulistano Jornal da Tarde. O que ele nos disse não difere muito do publicado pela revista. Mas registrei a homenagem prestada a ele pelo bairro de Rio Doce na final do campeonato Dente de Leite da localidade. Lá fiquei sabendo que durante três meses, Biro mandou 32 cartas e cinco telegramas para Solange, a namorada da época.
   Depois, o reencontrei num treino do Corinthians no campo do Náutico. E muitos anos depois, nos estúdios do programa Lance Final, da Globo. Hoje, o antigo Toinho Biro- Biro está com 72 anos. Mora em São Paulo. Faz tempo que não tenho notícias dele.
   Foi um relato longo, reconheço. Mas não havia outro modo de contar essa história de um dos maiores ídolos da torcida do timão Corinthians.
   Na próxima, prometo um texto mais enxuto. Perdão, amigo e amiga. Até a volta! 

 

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