BOLA, TRAVE E CANELA – Lenivaldo Aragão

 O JOGO DE DOIS RESULTADOS

O Ypiranga nos seus primeiros tempos: Dorotéia Balbino (madrinha do clube), Geraldo Bernardino, Mário Limeira Alves, Zé Paulo, Miguel Jerônimo, Pedro Paulo, João Preto, o goleiro Zé Fuminho (a diferença para os outros jogadores são as joelheiras, pois o uniforme é igual), Otávio Limeira Alves, Zé Pequeno, George, Macaco, Zé Dantas, Florzinho, Artur Massa Bruta e Inácio Abílio Aragão



           O Ypiranga de Santa Cruz do Capibaribe nem sonhava em se profissionalizar. Seu campo, mais tarde denominado Estádio Otávio Limeira Alves nem grama tinha e era cercado de aveloz, uma planta abundante naquela região, usada para delimitar as propriedades rurais.

O Ypiranga sempre realizava amistosos com equipes de municípios vizinhos. Época em que os torcedores locais aplaudiam o goleiro Zé Fuminho, Pedro Rododó, Vicente, Guila, Zé, Pedro Paulo, Macaco e mais para frente Dida, Afonso, Toinho, Heleno, Joãozinho, Totonho e Tempestade (ex-Santa Cruz do Recife).

Cada jogo era uma festa. Dependendo do peso do adversário, a hoje centenária Banda Musical Novo Século animava os torcedores, com seus dobrados. Gol do time da casa, tome frevo. Certa vez o Central jogou lá. Foi um acontecimento, durante anos comentado.

Em certo domingo, o Ypiranga recebeu uma equipe de Serra Branca-PB. Como era comum nesses jogos, o alviazulino do Agreste estava reforçado por dois profissionais de Caruaru: Cebinha, do Central, e Catolé, do Vera Cruz. Não demorou muito para que o Ypiranga estivesse vencendo por 2 x 0. Os visitantes chiaram. Alegando que o juiz – da casa – estava puxando para seus conterrâneos, os paraibanos tiraram o time. Ou seja, correram de campo, como se dizia. O pessoal de Santa Cruz fez pressão, dizendo que não pagaria a cota combinada, mas os da Paraíba estavam irredutíveis.

Depois de muita discussão chegou-se a um acordo. Serra Branca voltaria a campo, mas com outro árbitro. Além disso, o tempo disputado até então seria anulado, e a partida recomeçaria do zero, com dois tempos de 30 minutos, pois não havia iluminação no estádio e a noite já ameaçava chegar.

O Ypiranga continuou mandando na partida e fez mais quatro. Ao todo, seis gols. Só Cebinha marcou três. Catolé, Dida e Joãozinho completaram a contagem. Os visitantes ainda marcaram um. No fim, os paraibanos foram embora lamentando a derrota por 4 x 1. Já o Ypiranga comemorava a goleada por 6 x 1, pois para o pessoal de Santa Cruz, os dois primeiros gols continuavam valendo. Foi um raríssimo caso de uma partida de futebol ter tido dois resultados.

 

 

 

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