BOLA, TRAVE E CANELA-Lenivaldo Aragão

 Bassu ‘acabou’ o jogo e evitou um vexame maior

Reprodução de reportagem da revista Placar em 1983

Uma história do “tempo do arco da velha”, que vale a pena ser recontada, agora que Náutico e Íbis vão se encontrar após tanto tempo sem um contato direto. Jogo nos Aflitos. O Pássaro Preto tinha Duca; Zildo, Duarte, Zeca e Salvador; Bassu e Bolinha; Paraíba I, Loloca, Paraíba II e Ivaldo. E o Timbu contava com Waldemar; Gernan, Zequinha; Gilson Costa e Clóvis; Salomão e Ivan; Nado, Miro (Lala), China e Rinaldo. O Náutico, como se vê, estava desfalcado do goleador Bita, “O Homem do Rifle”, que formava a ala direita com o irmão Nado.

O Náutico dominava as ações e tome chute de todas as direções e a qualquer distância. O goleiro Duca se multiplicava, pegava alguns tiros, porém não fazia milagres. E a timbuzada, nas arquibancadas, festejando os gols. Sem conseguir conter o ataque alvirrubro, o Íbis foi abrindo a caixa de ferramenta. A violência passou a imperar em campo. O juiz Evandro Ferreira, um pacificador, contemporizou o quanto pôde, mas começou a botar gente pra fora. O Náutico aproveitava-se da superioridade numérica para colocar a bola no barbante.

Em dado momento, o Íbis só tinha sete jogadores em campo. O capitão do time, Bassu, que ganhava a vida como soldado de polícia, deve ter chegado à conclusão de que, se com onze contra onze já era difícil, no onze a sete seria uma danação. Olhou o placar do Balança Mas Nâo Cai, que já ostentava uma goleada de 8 a 1 (China-2, Nado-2, Ivan-2, Rinaldo e Miro), O valente e folclórico médio volante do Íbis dirigiu-se ao árbitro, com uma pergunta pensada, cuja resposta já devia saber:

– Seu juiz, até com quantos jogadores o time pode ficar?

– Com sete. Com seis não dá mais pra jogar – respondeu o na época “homem de preto”, conhecido nos meios esportivos por Panam.

– Então, você é um filho da puta – reagiu Bassu.

– E você tá expulso – sentenciou o mediador.

O jogo terminou ali. Bassu, o capitão do time, foi festejado e elogiado pelos companheiros, tendo saído de campo como “herói.”.

 

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