PARAGUAIOS EM PERNAMBUCO

Atacante Benitez viveu nos Aflitos o ocaso de sua carreira

Náutico antes de empatar por 0 x 0 com o Santa Cruz, nos Aflitos, em 8/9/57: Caiçara, Caparelli, Cazuza, Lula, Zequinha e Nenzinho; agachados, Zezinho, Ivson, Benitez (com a bola), Paulinho e Elias. Do livro NÁUTICO-A História em Fotos, de Carlos Celso Cordeiro. Reprodução: Simone Aragão



Campeonato Pernambucano de 1957. Clássico dos Clássicos, nos Aflitos. Vitória do Náutico sobre o Sport por 1 x 0, gol do limoeirense Zezinho, o mais tarde Zezinho Caixão.

O Alvirrubro naquela tarde de 22/9/1957, em pleno verão nordestino, alinhou Cazuza, Caiçara e Lula; Caparelli (argentino), Zequinha e Nenzinho; Zezinho, Benitez (paraguaio), Mozart, Paulinho e Elias.  

O meia atacante Jorge Duilio Benitez Candia, nascido em Yagarión, no Paraguai, era mais um jogador da nação vizinha a atuar em Pernambuco, seguindo os passos do centromédio Modesto Bria. Este defendera o Santa três anos atrás, tendo também dirigido a equipe tricolor em período curto. A exemplo do seu compatriota, Benitez, um meia habilidoso e goleador, procedia do Flamengo, onde vivera o apogeu da carreira, depois de empolgar os conterrâneos adeptos do Nacional de Assunção, e a ‘hinchada’ do famoso Boca Juniors, da Argentina.

Bria entrou para a história do primeiro tricampeonato flamenguista – 1942/43/44, e Benitez participou decisivamente do segundo – 1953/54/55.

Na Gávea, o ambiente lhe era favorável. Além de Bria, que ainda zanzava por lá, o rubro-negro carioca tinha mais dois paraguaios, o técnico Fleitas Solich, apelidado de “Feiticeiro”, e o goleiro Garcia.

Ao chegar ao Brasil, o atacante, por sinal, indicado por Solich, tinha na sua ficha técnica um feito notável. Era o paraguaio que havia marcado o maior número de gols pela seleção guarani numa só partida, feito alcançado no Sul-Americano (hoje Copa América) de 1949, no Peru. Na goleada de 7 a 0 sobre a Bolívia, ele balançou a rede quatro vezes. No seu novo clube não decepcionou. No primeiro ano defendendo o Fla foi o artilheiro do Campeonato Carioca, com 22 gols. O Urubu dava a volta olímpica com Garcia; Marinho, Pavão, Servílio e Jordan; Dequinha e Rubens; Joel, Índio, Benitez e Esquerdinha. (O potiguar Dequinha tinha sido adquirido junto ao América-PE).

Benitez chegou ao Recife, com o campeonato de 1956 já em andamento e foi embora em 1957, antes do encerramento do certame daquele ano, que só terminou em 1958. Portanto, sua participação nas duas edições do estadual foi apenas parcial. Nos 33 jogos que disputou vestindo a camisa ‘branca e encarnada’, assinalou 34 gols. Se na estreia, em 10/6/56, derrota de 2 x 1 para o Sport, passou em branco, uma semana depois mostrou a que veio, ao marcar quatro gols numa vitória por 7 x 3 em cima do América. Este era tido como grande, porém já iniciava a descida da ladeira rumo ao declínio.

Benitez encerrou sua trajetória alvirrubra num amistoso em Fortaleza, em 17/11/57, no qual o Náutico derrotou o Ferroviário por 2 x 1. Despediu-se marcando um dos gols do time pernambucano. O outro foi do mineiro Douglas. No decorrer da partida, o técnico uruguaio Ricardo Diez o substituiu pelo paraibano Zezinho Ibiapino. O paraguaio colocava o ponto final na sua exitosa carreira.

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