APELIDOS NO FUTEBOL PERNAMBUCANO (LETRA G)

 GUABERINHA, O TERRÍVEL


Guaberinha e o goleiro Teobaldo, ambos do Santa Cruz, em 1947 (Foto: Blog Fernando Machado)

Habilidoso, técnico, catimbeiro, temível. Assim era Guaberinha. Pontificou em Pernambuco tanto pelo futebol, como pela deslealdade. Um verdadeiro terror para os adversários. Gerson Lins de Miranda, além de jogador, trabalhava na gráfica da Folha da Manhã, pelo menos na época em que defendeu o Santa Cruz. O jornal pertencia ao interventor e depois governador de Pernambuco Agamenon Magalhães, um ardoroso tricolor. Além delea Folha empregava outros jogadores do Santa, como o goleiro Eutímio.

Mais tarde treinador e árbitro, Guaberinha gabava-se de ter jogado nas 11 posições, pois até goleiro tinha sido. Isso aconteceu num jogo da Seleção Pernambucana, na época em que não havia substituições e ele terminou na barra após a saída do titular da posição.

Extremamente malicioso, conta-se que o baiano Bacamarte, outro que era conhecido como ‘valente’, certa vez pediu dispensa de um jogo da Seleção Baiana, no Recife, para não voltar a cruzar com o “terror dos gramados”, a quem tinha enfrentado uma semana antes, em Salvador. 

O bezerrense Amaury, meia armador que se consagrou com a camisa do Santa Cruz, a única que vestiu, nos anos 40/50, era um fidalgo dentro e fora do gramado.  Deixou de receber o Prêmio Belfort Duarte, destinado a jogadores que passassem 10 anos ou 200 jogos sem uma expulsão, por causa de Guaberinha. Este assim narrou o fato numa entrevista a mim concedida:  

– Eu tinha saído do Santa Cruz para o Auto Esporte e enfrentei meu ex-clube pela primeira vez, jogando de lateral direito. O primeiro tempo terminou 0 a 0, Amaury estava acabando com o jogo. Mandei Silva, um soldado da Rádio Patrulha que jogava no Auto Esporte, dar-lhe um pontapé, mas Silva não topou. No segundo tempo, quando Amaury sofreu uma falta e caiu, aproveitei a situação, fiz que ia socorrê-lo e arranquei um esparadrapo que ele tinha na testa por causa de um corte. Com a dor, Amaury reagiu, me dando um murro. Foi expulso na hora. Era isso mesmo o que eu queria. No fim, derrotamos o Santa Cruz por 3 a 1”, regozijava-se Guaberinha, como se tivesse praticado a mais nobre das ações neste planeta.

Amaury, vítima de Guaberinha


São inúmeras as peripécias de Guaberinha. Ele entrou para a história do Tricolor do Arruda como integrante da célebre Embaixada Suicida. Além do Santinha e do Auto Esporte, jogou pelo  Tramways. Participou da conquista do bicampeonato em 1937 – o time da companhia de bondes levantou a taça, invictamente duas vezes seguidas, em 1936/37. No ano do Bi, o Tramways começou a campanha com Zé Miguel; Domingos e Guaberinha; Popó, Furlan e Faustino; Olívio (Cachorrinho), Omar (Chinês), Sopinha, Quetreco e Maturano. Vitória de 2 x 1 diante do Great Western. Lá na frente, na grande final, triunfo sobre o Sport por 5 x 2. Guaberinha atuou de médio volante. O herói às avessas dos gramados da Terra dos Altos Coqueiros, já no fim da carreira, também defendeu o Asas, time que representava a Aeronáutica no Campeonato Pernambucano. Isso em 1958.

Também jogaram em Pernambuco, GUABERÃO, lateral esquerdo do Tramways, em 1940, e GUABERA, lateral direito do Torre e do Flamengo, de 1933 a 1941.

 OUTROS NA LETRA G

 GAGO Centromédio gaúcho, foi campeão pelo Náutico em 1954 e vice-campeão em 1955.

GARRINCHINHA Ponta-direita veloz e driblador, egresso do Maranhão, defendeu o Sport em 1965,

GENA Notável lateral direito do Náutico e do Santa Cruz. Jogador técnico, chegou a ir clandestinamente para o Botafogo, quando ainda era amador, mas teve que voltar para os Aflitos. Participou do Hexa do Náutico atuando quatro anos (1965/66/67/68) e do Penta do Santa Cruz (1970/71/73).

Gena brilhou no Náutico e no Santa (Foto:reprodução)


Na década 80, havia o volante GENA, vindo de Sergipe, que defendeu o Sport e em seguida o Náutico. Outro com a mesma alcunha atuou em 1940, como centromédio do Great Western.

GEO Ponta-esquerda saído da base do Náutico para a do Sport, foi um dos campeões pernambucanos em 1955, no cinquentenário do Leão. Bicampeão em 1956, tendo sido vice em 1957, no primeiro supercampeonato do Santa Cruz. Uma curiosidade é que na decisão, em 16/03/1958, Santa 3 x 2 Sport, na Ilha do Retiro, os dois pontas-esquerdas,

Sport em 1956. Em pé, Carijó, Pedro Matos, Bria, Mirim, Osvaldinho e Jaminho; agachados, Traçaia, Naninho, Gringo, Soca e GEO (Foto: reprodução)


 Geo e Jorginho, eram irmãos. Ainda solteiros residiam na casa dos pais, na esquina da Av. Santos Dumont com a Rosa e Silva, Aflitos/Graças. Jorginho havia sido campeão pelo Náutico em 1950. Depois do supercampeonato Geo foi defender o Sporting de Portugal.

O Auto Esporte também contou com um centroavante conhecido por GEO, em 1957. na década

GILSON GÊNIO – Ponta-esquerda, carioca de Itaguaí, jogou em vários clubes. Antes de defender o Santa Cruz, com o qual tornou-se campeão pernambucano em 1987, foi do Bahia. Marcou os dois primeiros gols aos 5 e 13 minutos de jogo e fez o passe para a marcação do quarto, tendo sido um elemento decisivo no trágico 5 x 0 aplicado pelo tricolor baiano no Santa em 5/4/1981, na Fonte Nova, pelo Campeonato Brasileiro. 



O Santa poderia perder até por 4 x 0, por exemplo, porém o Bahia de Gilson Gênio foi além e deixou os pernambucanos na saudade. O Santa foi eliminado do certame nacional e o Bahia seguiu em frente. No título estadual de 1987, num empate por 1 x 1 com o Sport, em 16/8/87, Gilson reabilitou-se perante a galera do Clube das Multidões. O Santa sagrou-se campeão diante de 27.194 pagantes, na Ilha do Retiro, com esta formação: Birigui; Orlando, Ragne, Ivan (Luiz Oliveira) e Lotti; Zé do Carmo, Ataíde (expulso) e Sérgio China; Edson, Dadinho e Gilson Gênio (Rinaldo).

(Na próxima edição outros jogadores do futebol pernambucano, com apelidos começando pela letra G, como Gambetá, Gelada, Gojoba, Grafite etc.)

 

 

Comentários

  1. Gena foi um dos jogadores mais clássicos que vi jogar em toda minha vida de torcedor. Ao nível de Falcão, Gerson, Djalma Santos. Fora apenas, Nilton Santos, que era a Enciclopédia.
    Marcio Maia.

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