Os pontas
Nado começou como meia, mas estourou como ponta-direita |
"Vem cá, João. Vem cá pra ajudar-me no meu show".
João, assim era chamado qualquer marcador de Garrincha, o mais famoso camisa 7
do futebol mundial de todos tempos. Essa invenção não foi sua, disse certa vez
ele. E quem foi o criador dessa figura emblemática? Não se sabe. Mas se ela
existiu é porque havia um 7 endiabrado por aí. Na minha saudade, vou historiar
três deles que vi por aqui em terras, ou
melhor, em gramados recifenses. Nomes deles: Nado, Elói e Cuíca.
Começo a dinastia da camisa 7
por Nado. Não é por nada, é porque foi o primeiro a surgir no palco da
bola, entre o trio, para deslumbrar no seu show nas tardes de domingo e noites
de quarta. Eles eram de pequenas estaturas e de nomes com poucas letras.
Na pia batismal, Rinaldo. No campo, só Nado. Pois bem, esse
olindense, que deu seus primeiros passos no futebol, na meia, quando foi
ser juvenil do Náutico, virou ponta-direita, com o sete nas costas . Sua
missão: driblar, driblar e deixar maluco o lateral esquerdo, seu marcador. E
depois, cruzar, cruzar para o goleador se consagrar. Quis o destino que o
goleador fosse mais que amigo e companheiro de ataque, fosse seu irmão Bita, um
atirador tão certeiro contra as metas adversárias, que um dia o jornalista,
hoje já morador na redação do céu, Aramis Trindade, o chamou de "O homem do Rifle". Mas,
nada de Bita. E sim, de Nado. Era veloz, hábil driblador, nas corridas. E em seguida, exímio cruzador
para quem viesse de trás emendar para o gol, de preferência o 8 Bita. Eita
ponta danado, aquele Nado de 1,65 de altura e de futebol nota 7, embora
merecesse mesmo um 10, com a aprovação dos seus professores da arquibancada. E
quem eram os joãos de Nado? Todos que resolveram ser o 6 no encalço daquele 7.
"Desce pela direita, Nado dribla, dribla, dribla. E cruza. Gooooooooool...
De quem? Nem sei, sei que quem cruzou foi Nado." Voz de um dos muitos
narradores do País afora daquela época do futebol romântico dos anos 60. Nada
mais a dizer. Espera aí: salve Nado, um 7 que valeu 1000000 vezes 1000000.
Agora Elói e Cuíca. Numa frase, o resumo de como foram eles. Foram
geniais, honraram a camisa 7, com dribles desconcertantes e cruzamentos
geniais. Lá pelos anos 60 e 70. Elói, hoje um corredor contumaz, você foi
genial. Cuíca, que no cartório é João, foste genial. Notas para os dois. A
mesma concedida ao precursor Nado. Foram iguais na beirada do campo. Qual o
titular da 7? Escolha um, é só dar-lhe um 7.
O baixinho Elói com Bita, irmão de Nado |
Amigos e amigas. Vocês são leitores geniais. Bom dia, boa tarde,
boa noite. Como diria padre Arlindo, a qualquer hora, lá na majestosa praia de
Tamandaré. Até a próxima, oxe, oxe, oxente... Inté!
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Depois de décadas, os treinadores decidiram retornar com os pontas, que sempre foram fundamentais para o sucesso do futebol brasileiro. Para não darem o braço a torcer, confessando que estavam errados, inventaram um tal de "atacante de beirada".
ResponderExcluirÉ pra lascar o juízo do torcedor.