ALÔ ALÔ, SAUDADE! – Crônica do jornalista PAULO MORAES

 Nos estádios do Centro-Sul

O Pacaembu antes da reforma (Foto: reprodução Estadão) 



   O carnaval que não existiu, acabou.

E, dentro da pseudonormalidade, volto, ou melhor, encerro minha chegada aos estádios, com presença no Sudeste e no Sul. Antes, porém, dou uma passada ainda pelo Nordeste.
Para relatar que visitei o Presidente Vargas, em Fortaleza, outubro de 1967.
Jogo América, de lá, e Náutico, pela, na época, Taça Brasil. O time pernambucano, que vencera o primeiro confronto no Recife, ganhou por um a zero e seguiu na competição. O gol foi do ponta-direita Miruca. No fim da partida teve uma briga entre quase todos os jogadores. O mais valente foi o goleiro Pedrinho, do América, e que depois, consagrou-se no Santa Cruz.

O PV , era um estádio acanhado. Um poste da iluminação ficava no pé da arquibancada, tirando parte da visão dos torcedores. Só alguns anos atrás é que recebeu melhoras numa reforma feita. Nos anos 70 conheci o Castelão, que ganhou nova feição para sediar jogos da Copa do Mundo em 2014. Claro que conheci também o outro Presidente Vargas, o do Treze de Campina Grande. Agora, em anos mais recentes, fui ao Almeidão, em João Pessoa, numa ida especial, que contarei numa coluna posterior.
   E chego ao Sudeste , ao romântico Pacaembu, em São Paulo, no mesmo 1967 e na mesma Taça Brasil. Depois de eliminar os mineiros Atlético e Cruzeiro , o Náutico decidiu o título da competição com o Palmeiras em três jogos. Perdeu no Recife, por três a um. O time paulista jogava na segunda partida por um empate, em casa. Mas o valente alvirrubro dos Aflitos, deu o troco, dois a um, de Ladeira e Nino  seus gols. Foi no dia 27 de dezembro , noite histórica de uma quarta-feira, histórica, principalmente para os goleiros Lula Monstrinho e Válter. Lula barrou o ataque do Palmeiras até se machucar no fim do primeiro tempo ou no início do segundo, nem lembro. Sei que Válter o imitou ao substituí-lo. Pegou tudo, menos uma bola enviada para seu gol por Tupãzinho. Dois heróis, que vi com prazer , deslumbrarem os 28 mil torcedores , presentes ao Pacaembu. Era repórter do “Jornal do Commercio” e fiquei na Tribuna de Imprensa, radinho de pilha colado ao ouvido, na narração de Pedro Luiz pela Rádio Gazeta. Pedro Luiz foi um dos maiores locutores esportivos do País. Um detalhe importante: eu era também repórter da Rádio Clube, mas como viajei pela Empresa Jornal do Commercio, fui impedido de trabalhar pela emissora do grupo das Emissoras e Diários Associados. Outro detalhe importante. Eu havia ido ao Pacaembu duas vezes,  na véspera. Primeiro, para cobrir o treino do Náutico, pela manhã. Segundo, para assistir a um jogo amistoso do Corinthians de Rivelino , contra o Nacional de Montevidéu, à noite.
   Com a vitória, o Náutico me proporcionou o direito de conhecer o Maracanã. Foi lá, no dia 29, a extra para a definição do campeão. Choveu , choveu e choveu naquele dia 29, uma sexta-feira, no Rio. Lembro-me que saímos de Copacabana, onde estávamos hospedados, eu e Francisco José, o repórter enviado pelo “Diário da Noite”, para a importante cobertura, na certeza de que não haveria jogo.

O glorioso Maracanã, palco da final da Taça Brasil (Foto: CBF) 

            O gramado do imponente Maracanã  virou um rio, de tanta água. Mas a bola rolou assim mesmo, com muita dificuldade. Talvez porque não haveria uma outra data disponível para que a partida fosse transferida. Vimos o jogo , como no Pacaembu, da Tribuna de Imprensa. Na arquibancada, 16.577 torcedores, um grande público para aquele dia de muita chuva, no Rio, foram testemunhas da vitória palmeirense por dois a zero, gols de César e Ademir da Guia. O Náutico ficou tão satisfeito , que comemorou o vice da Taça, no Bar Amarelinho, no bairro central da Cinelândia. Eu estava lá. Noite inesquecível para todos.

   Em novembro de 1969 lá estava eu em Porto Alegre. Pela manhã de um dia daquele mês fui conhecer o antigo Gigante da Beira-Rio. Era gigante mesmo, orgulho dos colorados. À noite, muito fria, era o 19 daquele novembro, data do milésimo gol de Pelé, no Maracanã, estava no Olímpico, no gramado. Era o repórter de campo da “Rádio Jornal”. No antigo Estádio dos Eucaliptos, de propriedade do Internacional, os técnicos Biu da Caminhonete e Oliveira mexiam com equipamentos que transferiam de lá o som saído do estádio do Grêmio para o Recife. A transmissão foi nota dez. Biu e Oliveira, que já nos deixaram, foram competentíssimos. Em campo, o tricolor gaúcho também foi competente e venceu o Santa por três a um. O gol do meu Santa foi do grande meia Fernando Santana. Era bom demais esse Fernando. E eram bons o Beira-Rio e o Olímpico. Já não são. Em vez deles, Grêmio e Inter são donos de modernas arenas, ou seja, de estádios mais bonitos ainda e confortáveis. A do Grêmio, noutro local. A do Inter, no mesmo Beira-Rio, junto do Rio Guaíba.

O majestoso Gigante da Beira-Rio (Foto: Wikipédia) 


   Nosso próximo voo tem o destino de Curitiba. O Estádio Belfort Duarte, que agora é batizado Couto Pereira, não tinha o mesmo charme das praças de esportes dos gaúchos. Mas era e é, um bom estádio. E no ótimo gramado paranaense , o futebol do Santa foi igualmente elogiado ao vencer o Coritiba por um a zero, gol de Osvaldo. O meia foi expulso e, suspenso, trocou de avião, deixando o que levaria o time tricolor a Belo Horizonte por um outro com o destino do Recife. Aproveitei e mandei por Osvaldo para o “Jornal do Commercio” a reportagem do jogo. No avião, ele leu a matéria, e eu criticara o desempenho dele na partida. Osvaldo não gostou, claro. Mas o jogador levou a história numa boa, ainda bem.
   E o Santa foi parar no Mineirão. O estádio era de primeira, agora é melhor ainda. O aprovei. Não foi aprovada a bola tricolor ,derrota por quatro a zero.
   Em 1970 voltei a São Paulo. Para meu encontro com o Estádio do Parque Antarctica, do Palmeiras. Era pequeno e sem luxo. Agora é maior e com luxo. Em campo, o favorito Palmeiras se curvou ao Santa e só empatou: um a um. O curioso é que os jornais paulistas se valeram de uma foto registrada nas imagens das TVs para editar o gol pernambucano, de Osvaldo, porque os fotógrafos se plantaram somente por trás da meta do Santa, defendida por Gilberto. Não era esperado que o goleiro Leão fosse vazado. O futebol é bom por ser surpreendente, cheio de 'caixinhas de surpresas'.

Mineirão, orgulhos dos mineiros (Foto: reprodução Torcedores)


   No domingo voltei ao Maracanã pra acompanhar o Santa ser goleado pelo Flamengo por cinco a um. Assim é a história que fecha meu batismo aos estádios de futebol de Pernambuco e mais alguns deste nosso Brasil.
   Até o próximo assunto, amigos e amigas. Sempre com fatos do passado.
Aguardem, virão novas histórias! 

 

Comentários

  1. Tenho uma lembrança muito importante sobre estádios. Em 61 ou 62, não lembro, o Central tinha um time de respeito com Dudinha, Zé Carlos, Juscélio, Vadinho e outros. Fui com meu tio Fernando, assistir o jogo do Náutico. Nem sei o resultado. Recordo exatamente de uma parada para uma explosão da Pedreira Itatamirim, de Ney Maranhão, e do almoço, uma galinha de capoeira à cabidela, no Restaurante de Mãe Amara. Inesquecíveis.
    Márcio Maia

    ResponderExcluir

Postar um comentário