No Brasil, o radinho faz parte da cultura futebolística

 

Foto: Esporte e Mídia

A APCDEC (Associação Profissional dos Cronistas Desportivos do Estado do Ceará) já divulgou uma nota de repúdio. Esperamos que haja um movimento nacional, encampado pela ABRACE (Associação Brasileira de Cronistas Esportivos), no sentido de fuzilar, já que estamos em tempo de guerra, a ideia de proibir a presença de torcedores com seus radinhos de pilha nos estádios nacionais. Esse equipamento, inicialmente gigantesco, está há décadas incorporado à cultura futebolística nacional. Eu ainda era um mero frequentador das arquibancadas e via um irmão do célebre goleiro Leça (saiu do América para tornar-se ídolo no futebol baiano), tão magro quanto “El Magriço”, na Ilha do Retiro ou nos Aflitos – o Alçapão do Arruda só servia para  amistosos – carregando um imenso rádio portátil sobre um dos ombros. Ao mesmo tempo em que via o jogo do Recife – na época só havia uma partida a cada domingo ou quarta-feira –, acompanhava o Campeonato Baiano pelo rádio. O mano Leça fechava o gol por lá, merecendo até figurar numa das músicas de Gilberto Gil: “... no tempo que Leça era goleiro do Bahia, um goleiro, uma garantia...”

A indústria, principalmente a japonesa, foi fazendo com que o rádio portátil deixasse de ser um pesado trambolho, tornando-se um diminuto e prático instrumento, muitas vezes cabendo até no bolso da camisa, auxiliando o torcedor na identificação dos jogadores. Profissionais da imprensa, mesmo no estádio, recorrem àquela caixinha minúscula, principalmente se estão na parte superior da chamada praça de esportes, na Tribuna da Imprensa, e rompe uma confusão lá embaixo.

As notícias dadas pelos locutores de pista são valiosas e importantes para cronistas e torcedores. A eliminação desse meio, que leva os frequentadores dos estádios a completarem a ideia e a informação sobre determinado lance do jogo é simplesmente um ato inconcebível e inaceitável. É mais uma dificuldade que se cria no terreno das comunicações.

Se algum inconsequente chegar ao ponto de usá-lo como um instrumento de agressão a jogador, árbitro ou adversário, existe cadeia para levá-lo a pagar pelo crime cometido. Nunca bloqueando esse meio de informação tão útil a quem ama o futebol.

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