ALÔ, ALÕ, SAUDADE-Coluna do jornalista PAULO MORAES

 Pontas-de-lança goleadores


Luiz Carlos e Baiano em homenagem recente no Recife (Foto: Divulgação)

Nesse novo relato do Alô , Alô Saudade giro por meias pontas-de-lança. Era uma espécie de segundo centroavante. Jogava mais avançado que o meia armador. Mais próximo do camisa nove. Hoje é chamado só de meia. Vou falar de Pacoti, de Bita, de Fernando Santana, de Denô e de Baiano. Antes que me cobrem, digo-lhes que não esqueci Mazinho, o ‘deus de Ébano’ que ganhou esse nome suplementar do jornalista Júlio José, do DIARIO DE PERNAMBUCO, que não está mais entre nós. E nem Jorge Mendonça, com passagem vitoriosa, campeão estadual pelo Náutico em 1974 e artilheiro da competição ao lado Zé Carlos Olímpico ,do Santa Cruz, com 24 gols. Brilhou depois no Palmeiras e no Guarani. Foi da Seleção Brasileira na Copa de 1978. De estilo clássico , era mesmo goleador. Ele e Mazinho, dois refinados atacantes que somam saudade no repertório de minhas lembranças futebolísticas. Antes tivemos, por exemplo, o baiano Hamilton no Santa Cruz, Náutico e América; Naninho, no Sport; Ivanildo, o Espingardinha, no Náutico; Faustino e Campinense, no Santa. Não os vi jogar. Mas os jornais falavam bem deles.

 Bem, chego aos titulares deste artigo,.Começo por Pacoti. Veio de terras cearenses para se consagrar com a camisa oito do Sport. Bola com ele na área era meio gol, como dizia a voz popular da arquibancada, principalmente os que vestiam o manto rubro-negro. Foi artilheiro do Campeonato Pernambucano de 1958, com 36 gols. Não tive o prazer de vê-lo jogar, mas morando em Caruaru, ouvi muitos jogos dele, pelas ondas médias das rádios Clube e Jornal. A história mais interessante dele, que guardo no meu baú de torcedor ocorreu no seu ano de ouro por aqui. Era um domingo à tarde. Acompanhava o clássico Sport e Santa Cruz num radinho azul , na casa da minha avó paterna. O Santa vencia por um a zero. Aos 43 minutos do segundo tempo e com a vitória assegurada, no meu entender, decidi ir para minha casa, distante alguns metros de onde estava, para vibrar pelo saudoso rádio Telefunken, com comentários da grande vitória do meu tricolor. Que vitória? Não é que nos dois minutos finais, Pacoti fez dois gols e virou o marcador? Dois a um Sport, e um resto de domingo tristonho. Até hoje não me saem da cabeça aqueles dois minutos ingratos. Ainda bem que não ouvi os gritos de gol do time algoz. Estava indo para minha casa,  quando da catástrofe daquele dia, de nefasta jornada.
  Pacoti jogaria depois pelo Vasco e pela lusa paulista, a Portuguesa de Desportos, antes de aportar em relvas de Portugal.

Pacoti (D) com Traçaia e Stuart, dirigente do Sport (Foto:Arquivo do Blog)


   Sigo com Bita, o Homem do Rifle. Sábio foi o jornalista Aramis Trindade , que hoje escreve no reino do céu, ao chamá-lo assim pelas páginas do antigo e divertido DIÁRIO DA NOITE. Pois, Bita parecia ter um rifle colado aos seus pés, tão eram certeiros seus chutes. Bita tinha classe e domínio de bola. Era, sobretudo, goleador. Ele, no longínquo ano de 1966, fez quatro gols numa só noite em Gilmar, o extraordinário número um do Santos do Rei Pelé. Vitória do Náutico por cinco a três. Foi uma quarta-feira de glórias do Homem do Rifle, no romântico estádio paulista do Pacaembu. 

Bita, o Homem do Rifle, com o Rei Pelé (Arquivo do Blog)

Bita, que morreu aos 50 anos de idade, em 1992, foi artilheiro do Pernambucano em 1964, com 24 gols; em 1965, com 22; e em 1966 também com 22 gols , período de esplendor do Hexa do Náutico. Bita só não foi mais além na carreira porque foi arruinado por lesões no joelho. Chegou a ir para o Nacional do Uruguai, mas foi reprovado nos exames médicos. Jogou também no Santa Cruz, na campanha do Penta tricolor, dos anos 69 a 73. Grande Bita , o negão Homem do Rifle.

   Fernando Santana é a figura que povoa a escrita, agora. Com a camisa oito às costas, foi magistral no ataque do Santa no período do Penta, de 1969 a 1973. Extremante técnico, fazia gols a granel. Em 1969 marcou seis vezes na goleada por 15 a 2 no Santo Amaro. Nesse mesmo 1969 liderou a ponta dos artilheiros do Pernambucano, com 23 gols. Repetiu a história em 1970, com 15 gols. E em 1972, outra vez, com 15 gols. Até hoje é recordado pelos torcedores da época. Jogava fácil, e como, o inteligente Fernando Santana. Ele vestiria em 1974 a camisa do Náutico. Mas seu coração tem as cores preta, branca e vermelha. Mando-lhe daqui minhas saudações corais.

Fernando Santana (E) na inauguração do Colosso do Arruda (Arquivo do Blog)


   No Sport apareceu, com grandeza, Denô. Era rápido. E a exemplo dos colegas de outros times, gostava de botar bolas nas redes adversárias. Mas quem gostava mesmo de fazer gols  era o capixaba Baiano. O nome futebolístico Baiano para Valmeci, assim registrado num cartório da cidade de Vila Velha,não lembro a razão, fato curioso para quem nasceu no Espírito Santo. Veio da sua terra jogar no Santa Cruz, em 1980, para ser o artilheiro do campeonato estadual em 81, com 38 gols .Do Recife, em 82, foi parar no Fluminense. Do Rio, no mesmo ano, voltou para cá. Agora para defender o Náutico e ser o artilheiro do estadual, com 40 gols. Repetiu o feito em 1983, outra vez com 40 gols. Só o centroavante Luiz Carlos, do Sport, atingiu a marca de 40 gols, quando foi o artilheiro do campeonato de 1984. Baiano foi fantástico e ganhou a Bola de Ouro, prêmio destinado a quem fizesse mais gols anualmente no Brasil. Foi campeão pelo Náutico em 1984 e 1985. Jogou por último no Central.
   Amigo e amiga. No meu peito jorra alegria por belas recordações. Que saudade dos gols desses astros que desfilaram pelos gramados pernambucanos.
   Logo, logo, vou escrever novas linhas sobre momentos que deslumbraram meus olhos apaixonados por futebol. Até mais alguns dias. 

 

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