FUTEBOL MEMÓRIA

Nenzinho defendeu quatro clubes em Pernambuco e foi campeão da 1ª Taça Brasil



Por ANTÔNIO MATOS, de Salvador


Bahia, campeão da Taça Brasil em 1959. Em pé, Leone, Nadinho, Henrique, Flávio, Beto e Nenzinho; agachados, Santana (massagista), Marito, Alencar, Leo, Mário e Biriba (Foto: Arquivo do Blog)

Manoel Ferreira de Freitas, o Nenzinho, nascido em Campina Grande, Paraíba, no dia 16 de setembro de 1933, teve uma rápida passagem pelo Bahia, marcada pelas rusgas com o técnico Geninho e o presidente Osório Villas-Boas.

Queixava-se também de estar desconfortável, saudoso e solitário, pelo fato de familiares, a mulher Maria e o filho Júlio César, continuarem em Recife, no período em que ele morava em Salvador.

Contratado, em novembro de 1958, ao Náutico, onde atuava desde 1954, o ‘Touro Sentado’, apelido que recebera do companheiro Leo, jogou apenas cinco das 14 partidas, inclusive a final, feitas pelo Bahia na campanha da I Taça Brasil.

Náutico em 1956: em pé, Caiçara, Cavani, Lula, Nicolau, NENZINHO e Gilberto; agachados, Zezinho, Benitez, Ivson, Jorginho e Paulinho



A princípio como quarto-zagueiro, ao lado de Bacamarte, na estreia contra o CSA, dia 23 de agosto de 1959, em Maceió, e no jogo de volta, na Fonte Nova, uma semana depois, tendo como companheiro o improvisado Beto.

Nos dois compromissos seguintes, diante do Ceará Sporting, 0 x 0, em Fortaleza e 2 x 2, na Fonte Nova, passou para a lateral esquerda, sua real posição, barrando o então titular Florisvaldo.

Aborrecido, por não aceitar as bases contratuais [luvas e salários] oferecidas para renovar, voltou para Recife, no final de outubro de 1959, assinando com o Santa Cruz.

Nenzinho no Santa: Geroldo, Brito, Biu, Nagel, Nenzinho e Dodô; agachados, Gildo, Zé de Melo, Lua, Hamilton e Jorginho (Foto: Arquivo Coral) 



Somente regressou a Salvador no início de março de 1960, emprestado pelo Santinha, após fazer as pazes com o Bahia e ainda em tempo de jogar a finalíssima contra o Santos, no Maracanã. Com Leone contundido, Beto foi deslocado para a lateral direita e Nenzinho efetivado na esquerda.

Aliás, esta foi a formação da defesa [com Henrique e Vicente no meio da zaga] e já sob o comando do técnico Carlos Volante, nos dois compromissos que antecederam a decisão nacional: dia 13, na goleada de 5 x 0 sobre o Ypiranga, na Fonte Nova, pelo Campeonato Baiano, e na magra vitória de 1 x 0, num amistoso, também em Salvador, diante do Olaria.

Sport 1961. Em pé, Bria, Alemão, Manga (o paulista), Tomires, Nenzinho e Laxixa; agachados, Traçaia, Djalma, Osvaldo, Bentancor e Newton Adrião (Foto: Arquivo do Blog)



Alto, forte, marcador duro e, por vezes, violento, começou a carreira no Treze de Campina Grande e, ainda juvenil, foi para o Humaitá, também da Paraíba, onde atuava também como ponta esquerda e marcava muitos gols.

Já consolidado como zagueiro, seu futebol despertou o interesse do Náutico, que o contratou em 1954. Brilhou intensamente, a ponto de ser convocado para jogar, por Pernambuco, no Campeonato Brasileiro de Seleções, em 1956. Ficou nos Aflitos até o final de 1958, quando veio para o Bahia.

Após a conquista do título brasileiro, voltou imediatamente ao Santa Cruz, nem participando dos jogos contra o San Lorenzo, pela Taça Libertadores de 1960.

Mas demorou pouco no Arruda, transferindo-se para o Sport e ali ficou até 1964. Na Ilha do Retiro, conquistou os títulos estaduais de 1961 e 1962 e integrou o elenco, que teve um bom desempenho no Torneio Internacional de Nova Iorque, em 1963.

Foi em 1964 para o Central de Caruaru, primeiro time do interior a disputar o Campeonato Pernambucano, onde, já veterano, encerrou a carreira.



Estabeleceu-se oficialmente como comerciante, atividade que já exercia desde a época em que era jogador, trazendo roupas de Campina Grande para vender em Recife.

Alegre, extrovertido, brincalhão, continuava dedicado ao esporte e não descuidava do físico e da saúde, mesmo depois de abandonar os gramados. Praticava halterofilismo e integrava uma animada turma que costumava fazer caminhadas em Boa Viagem.

Mulherengo e brigão, foi assassinado em seu escritório, na Boa Vista, vítima de um crime passional.
 

 

 

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