WARLINDO CARNEIRO

 Cinquenta anos dedicados ao atletismo pernambucano e nacional

 

 

Warlindo quando comandava o atletismo nacional (Reprodução Esportes MT)

Um consagrado militante do atletismo  brasileiro acaba de completar 50 anos de participação contínua no esporte que o consagrou e que com a seriedade de seu trabalho e competência chegou a presidir a Confederação Brasileira de Atletismo.. Foi em 8 de maio de 1972 que o paraibano de Campina Grande Warlindo Carneiro da Silva Filho, nascido em 17 de fevereiro de 1951, iniciou suas atividades como professor de educação física. Local, o Colégio Leão XIII, Av. João de Barros, Zona Norte do Recife. Ele havia aceitado o convite do  professor Antônio Maria Cardoso (in memoriam) para atuar naquele educandário. As aulas seriam realizadas ali pertinho, no Clube Náutico Capibaribe. Uma coisa puxou a outra. O jovem paraibano cursava o segundo ano na Escola Superior de Educação Física - FESP, hoje Universidade de Pernambuco (UPE) e estava no limiar da carreira de jogador de futebol, como profissional do Alvirrubro, na posição de goleiro. Os acontecimentos daquele tempo estão ainda bem vivas na memória do seu protagonista e alguns são aqui revividos.

Duas fotos de Warlindo como goleiro do Náutico (Arquivo pessoal)


– Ao terminar o treino na parte da manhã (10h) – lembra – iniciava as aulas. O (Estádio) Eládio de Barros Carvalho tinha uma pista de atletismo e uma caixa de areia para saltos. A garotada queria jogar bola no campo  bem cuidado, com um gramado muito bom. Para a meninada era uma glória. Porém, eu não achava que ensinar educação física era simplesmente jogar uma bola para os garotos se divertirem. Não, eles tinham que fazer exercícios especiais, correr velocidade e média distância. Alguns gostavam de dar várias voltas na pista de 400 metros, de terra, do Náutico, e inspirado no excelente profissional já falecido Alexandre Borges, comecei a incentivar alguns após a aula, a fazer atletismo. Três ou quatro ficavam. Fomos tomando gosto e surgiu Padilha, meu primeiro medalhista de atletismo e talvez do  Leão XIII, que, por sinal, era forte no basquetebol, com o professor Antônio Maria. A medalha obtida por Padilha foi nos 400 metros rasos, nos Jogos Escolares de Pernambuco (JEPs), na carismática e bela pista do Derby. Foi a minha primeira competição como iniciante treinador de atletismo.

O ambiente não era totalmente estranho para Warlindo, conforme seu relato:

– Antes, sob o comando do coronel Fernando Soares, eu já tinha atuado como árbitro de atletismo, estagiário, nos Jogos de 1971. Em 1973 recebi  convite do professor Marcos Berenguer para trabalhar com ele no Colégio Boa Viagem. Era um colégio novo, que tinha o esporte como um verdadeiro veículo de formação de cidadãos, associado à qualidade do ensino, de acordo com a mentalidade de seu diretor presidente, Ary Avellar Diniz.

Entusiasmado pelo esporte para o qual se sentia vocacionado, o novo professor rescindiu o contrato de jogador com o Náutico, passando a se dedicar aos estudos e à prática efetiva da educação física.

Warlindo treinador (Foto: CBAT)


– O ano de 1973 foi maravilhoso – rememora. Ganhamos os títulos do infantil masculino e do feminino pelo Colégio Boa Viagem, várias medalhas no infantil e no juvenil feminino com o Colégio Damas, e assistimos ao surgimento de vários atletas que logo teriam renome nacional. Nos JEPs de 1973, pela primeira vez o atletismo foi disputado no Complexo Esportivo Alberto Santos Dumont, que tinha sido recentemente inaugurado e marcou minha vida, como campeão pela primeira vez dos Jogos, com uma equipe desconhecida e superando as grandes potências, como Salesiano, Marista, Nóbrega, Jordão Emerenciana e outros fortes concorrentes. O Boa Viagem foi crescendo. Em 1974 veio o convite do professor Fernando Viana, coordenador técnico do Departamento de Educação Física de Pernambuco (DED/PE), recém- transferido para Boa Viagem, para ser treinador da seleção estudantil de Pernambuco, que disputaria os Jogos Escolares Brasileiros (JEBs) em Campinas/SP. Para mim foi uma grande honra e começamos a treinar na pista do Santos Dumont, com bastante antecedência. Para os JEBs, marcados para julho, consegui reunir vários atletas das redes privada e pública para treinarmos às segundas, quartas e sextas-feiras, pela manhã ou à tarde, conforme os horários das aulas dos atletas.  A SEED-MEC, Secretaria de Educação e Desportos do Ministério de Educação e Cultura criou uma comissão de observadores técnicos para o atletismo, handebol –  ginástica olímpica, hoje ginástica artística – e polo aquático. A finalidade era selecionar atletas e treinadores para estagiarem na Alemanha (atletismo), Hungria (polo aquático), Romênia (handebol e ginástica). Após a realização dos JEBs, o atletismo pernambucano tinha revelado um dos maiores atletas até hoje, Pedro Ivo da Silveira, corredor de 100 metros rasos do Colégio Boa Viagem, campeão brasileiro na categoria infanto-juvenil, hoje sub-17, em dezembro, no Rio de Janeiro. A SEED-MEC convocou-o para um estágio de quatro meses na cidade de Mainz, Alemanha Ocidental (1975). Pedro Ivo e eu, seu treinador, no mesmo ano fomos convidados para o Campeonato Mundial Estudantil em  Poitiers, na França. Pedroca, como o chamávamos, obteve a quarta colocação e daí em diante era sempre convocado para a seleção brasileira estudantil de menores e para a juvenil. Durante 21 anos foi recordista brasileiro e sul-americano de menores – 1976/1997.

 CURRÍCULO COMO TREINADOR DE ATLETISMO

 •    15 anos (1973/1988) no Colégio Boa Viagem

•    10 anos (1973/1983) no Colégio Damas

•    03 anos (1972/1975) no Colégio Leão XIII

•    09 anos no Sport Club do Recife

•    18 anos (1974/1992) dedicados ao Centro de Educação Física Alberto Santos Dumont

 

COMO DIRIGENTE

•    24 anos presidente da Federação Pernambucana de Atletismo – FEPA (1989/2012)

•    05 anos vice-presidente da Confederação Brasileira de Atletismo – CBAT (2013/2018)

•    03 anos presidente da Confederação Brasileira de Atletismo – CBAT (2018/2021)

•    04 anos Secretário Adjunto de Esportes da extinta Secretaria de Esportes da Cidade do Recife (2013/2017)

•    Membro efetivo da Comissão de Desenvolvimento da Confederação Sul-Americana de Atletismo – CONSUDLATE (2008/2018)

•    Membro efetivo da Comissão de Esporte Escolar e Universitário da Confederação Sul-americana de Atletismo – CONSUDLATE (2015/2019)

•    Membro efetivo da Comissão de Finanças da Confederação Sul-americana de Atletismo – CONSUDLATE (2011/2022)

•    Membro efetivo da Comissão Técnica da Associação Pan-Americana de Atletismo – APA (2019/2021)

 ORMAÇÃO ACADÊMICA

 •    Licenciado em educação física pela Escola Superior de Educação Física da UPE - Recife 1973

•    II Estágio Internacional de Aperfeiçoamento em Atletismo, no   Sportinstitüt, na Universidade de Mainz, Alemanha, de 15.01 a 31.03.1975.

•    III Estágio Internacional de  Aperfeiçoamento em Atletismo, no

Sportinstitüt, na Universidade de Mainz, Alemanha, 09.02 a 27.03.1976

•    Curso de Técnica Desportiva em Atletismo  Hand-Ball, promovido pela ESEF/UPE, no ano de 1978, Recife/PE

•    Mestre  em Ciências do Desporto – Exercício e Saúde, título obtido na Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física/Universidade do Porto, Portugal, no ano de 2002

•    Curso de Fundamentos da Administração Esportiva – Comitê Olímpico Brasileiro – COB (2017)

 

PROFESSOR ACADÊMICO

 

•    38 anos na Escola Superior de Educação Física – UPE (1976/2014)

•    30 anos na Universidade Federal de Pernambuco – UFPE (1980/2010)

•    12 anos na Universidade Salgado Filho – Universo (2003/2015)

•    05 anos na Universidade Salesiana – FASNE (2007/2012)

•    Dissertante dos cursos para treinadores da World Athletics Nível I, II e III – WA (1992/2013)

•    Dissertante dos cursos para formação de Dissertantes da World Atletics – WA, Nível I, II e 

 TRABALHOS PUBLICADOS E COAUTORIA

 •     “Caderno Técnico Didático – Atletismo Grupo de Saltos” Brasil. Ministério da Educação e Cultura.

Caderno Técnico – Didático: Atletismo – Brasília: Departamento de Documentação e Divulgação, 1977.140 p.

     Atletismo: A Sua Contribuição Enquanto Conhecimento da Área Pedagógica da Educação Física no Contexto Escolar em Uma Perspectiva da Saúde: 2002, 189 p.

TREINADOR E CHEFE DE DELEGAÇÕES 

 •    Técnico da Deleção Pernambucana (1974 a 1995)

•    Técnico da Seleção Brasileira Estudantil Juvenil (1975 e 1979)

•    Técnico da Seleção Brasileira Juvenil (1986,1989 e 1990)

•    Chefe da delegação brasileira juvenil nos Mundiais (1986, 1990, 1996, 2000, 2012, 2018 e 2020)

•    Chefe da delegação brasileira juvenil nos Campeonatos Pan-Americanos (1986, 1989, 1991, 2000 e 2005)

•    Chefe da delegação brasileira juvenil nos Sul-Americanos (1989, 1990, 1992, 1994, 1999 e 2001)

•    Chefe da delegação brasileira sub- 18, Mundiais (1999 e 2017)

•    Chefe da delegação brasileira adulta no Mundial de 2003 - Paris/França,

•    Chefe da delegação brasileira nos Jogos Sul-Americanos de 2002 (COB) em Belém/PA

•    Chefe da delegação brasileira nos I Jogos da Lusofonia 2006. (COB) Macau/China.

•    Chefe da delegação brasileira nos II Jogos da Lusofonia 2009. (COB) Lisboa/Portugal

•    Chefe da delegação brasileira adulta nos Mundiais Indoor 2010. Doha/Qatar

•    Chefe da delegação adulta nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, 2016

 

 

 

Comentários