BOLA, TRAVE E CANELA – Lenivaldo Aragão

 O Central de Dudinha, Zé de Rita e Truaca

 

Os três defendiam o Central, em 1961, quando o Alvinegro entrou no Campeonato Pernambucano. Zé de Rita passou a ser escalado com seu sobrenome, Da Cunha, e Truaca transformou-se em Da Silva, também sobrenome.

O desportista Gercino Tabosa, o poderoso gerente do Banco do Povo, considerado o papa do futebol de Caruaru, que tinha muita influência na Patativa, fez o possível para que a imprensa esquecesse o apelido do goleiro. Segundo ele, o diminutivo Dudinha só fazia desvalorizá-lo. A ideia era tratá-lo pelo sobrenome SANTOS ARAÚJO, uma vez que o prenome Severino não calhava. Neste caso, a emenda poderia sair pior do que o soneto, com o povão chamando-o de Biu. O dirigente se baseava no célebre goleiro do Benfica e da Seleção Portuguesa, Costa Pereira. Seus apelos não surtiram efeito. O Santos Araújo não colou. Para a imprensa e para o próprio Dudinha,  uma esquisitice que nada tinha a ver com os hábitos então vigentes no futebol brasileiro.

Gercino Tabosa entregando ao capitão do time, Jucélio, sob às vistas do presidente Luiz Lacerda, o troféu de um torneio ganho pelo Central em 1965 (Arquivo do Blog)

Mal sabia, o cartola Gercino Tabosa, que muitas décadas depois, sua ideia de escalar jogador com nome e sobrenome terminaria vingando e se tornando uma espécie de convenção nacional. Atualmente é só o que se vê, do Oiapoque ao Chuí.

Depois do Central, Dudinha teve uma passagem rápida pelo Palmeiras, defendeu o Sport e saiu pegando bola por aí. Sempre como Dudinha.