O encontro inesperado do técnico e seus pupilos em local suspeito
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Dezembro
de 1970. O Sport saiu do Recife para fazer dois jogos no norte do País, pelo
Torneio Norte-Nordeste. Empatou com a Tuna Luso, em Belém, por 0 x 0, e perdeu
para o Fast Club, em Manaus, por 3 x 0. O técnico era Carlos Castilho,
ex-goleiro da Seleção Brasileira, tendo participado dos mundiais de 1950, 54
(titular), 58 e 62. Como treinador tinha fama de disciplinador. Castilho, que
com a camisa 1 brilhou defendendo o Fluminense, de
O
time titular do rubro-negro pernambucano tinha Batista (mais tarde treinador de
goleiros); Baixa, Bibiu, Moisés e Altair; Jair, Luís Rodrigo e César; Gijo,
Duda e Fernando Lima.
Quando
a delegação desceu no Aeroporto Val-de-Cans, em Belém, foi só os jogadores
aparecerem no saguão para receber panfletos mostrando as maravilhas da noite na
capital paraense, como a boate-restaurante Condor, à beira do Rio Guamá. Lá
havia muitas delícias, entre as quais um caranguejo saborosíssimo. E
logicamente muita mulher. Para quem quisesse sofisticar mais, existia a boate
Vanja, no Centro. E tinha muito mais.
Castilho
determinou que os atletas jogassem aquela “porcaria fora”, referindo-se aos
fôlderes convidativos. Avisou que depois do jantar haveria algumas horas de
folga, mas não queria saber que alguém tivesse tomado o caminho da Zona. Para
fazer valer sua lei, ameaçou a turma com uma multa de 30 por cento. Com tanto
tempo de janela, ele sabia qual era o destino dos jogadores em viagem, quando
pegavam uma folguinha.
Algum
tempo depois, Jairo Touro, um dos reservas do Leão, que não era flor que se
cheirasse, estava no hall do hotel, quando viu Castilho tomar um táxi em
companhia de dois radialistas, um deles o saudoso Audir Frazão Doudemant, piauiense
que marcou época como narrador em Pernambuco, com um jeitão muito peculiar de
narrar jogos, sempre provocando os concorrentes, principalmente Ivan Lima,
responsável por sua vinda para o Recife: “Rádio é Olinda, e o resto... é
resto”.
Jairo
Touro pegou logo no ar qual seria o destino do trio. De imediato resolveu dar
uma saída também. Juntou-se com Bibiu, Altair e outros, tendo a patota tomado o
destino que o leitor já deve estar imaginando. Foram bater na “rua das mulheres
perdidas”. Não precisaram andar muito para se deparar com o exigente e austero
treinador numa mesa com os dois radialistas. As duas partes – o técnico e os
boleiros – sequer cumprimentaram-se.
Com
essa, Castilho não contava. E ao sentir a presença dos “indesejáveis”, no
ambiente proibido, o treinador levantou-se bruscamente, sem dizer uma só
palavra, mandou-se para o hotel e deixou os parceiros na saudade. Castilho
foi usar a lei do “faça o que eu mando, mas não faça o que eu faço” , e
terminou quebrando a cara.
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