Foto: reprodução |
Papai Noel roubou a cena, mas para mim a figura central do Natal continua sendo o Menino Jesus. Lembro-me da minha infância na minha pacata Santa Cruz do Capibaribe, bem diferente da agitada Capital da Sulanca dos tempos modernos.
A aproximação da Data Magna da
Cristandade despertava uma ansiedade muito grande na meninada, tanto pelos
divertimentos de rua que a festa trazia, como pela armação da lapinha num dos
recantos da Matriz do Senhor Bom Jesus dos Aflitos, hoje também de São Miguel
Arcanjo. A “pirraiada” passava um tempão admirando as imagens da Sagrada
Família, Reis Magos, criaturas angelicais e animais, que dominavam a estrebaria
onde o Salvador tinha vindo ao mundo.
E circulava entre os meninos a história de uma
passagem que teria sido protagonizada por alguns bichos quando da chegada do
filho de Maria e José.
– Cocorocó, Cristo nasceu – apregoava
o galo.
– Aonde? – perguntava a vaquinha
no seu mugido.
– Em Belém – respondia o carneirinho
– Mata, mata, mata – ordenava o
pato, certamente com base na ordem de Herodes ao mandar assassinar as crianças
de idade abaixo de dois anos, esperando que o Menino Deus perecesse na chacina e no
futuro não lhe fizesse concorrência no poder.
– Enquanto tá fraco, enquanto tá
fraco – gritava o guiné ou galinha d’Angola.
A molecada só se desgrudava do
Santo Presépio em 6 de janeiro, Dia de Reis, com a queima da lapinha.
“ A minha lapinha já vai se
queimar
E nós pastorinhas já vamos chorar”
As cantoras que formavam o
coro da igreja davam voltas, juntamente com pessoas do povo, incluindo a
meninada em torno da fogueira em que ardia o material de que fora feito o
presépio.
“A nossa lapinha já está se queimando
E nós pastorinhas já estamos chorando”.
“A nossa lapinha acabou de
queimar
E nós pastorinhas estamos a chorar”
“Adeus São José, adeus já me
vou
Até para o ano se eu viva for”.
Esta lembrança de um item entre
muitos que formam o tecido folclórico em torno da vinda do Menino Jesus
representa tudo de bom que desejo a todos, cristãos ou não, que me prestigiam, neste dia em que os corações se abrandam e a
humanidade se irmana. Salve o Menino Jesus!
“ A
Comentários
Postar um comentário