VALDÓ, O REI E A MENINADA

 

O desportista e comerciante Valdomiro Silva, uma espécie de ministro sem pasta do Santa Cruz, com um longo serviço prestado às divisões básicas do Tricolor do Arruda, tinha um amplo relacionamento Brasil afora, principalmente com clubes do Rio e São Paulo. O ex-técnico da Seleção Osvaldo Brandão, por exemplo, era um dos seus inúmeros amigos.

Certa vez Valdó, como era conhecido intimamente, praticante da religião espírita, aproveitou a presença do Santos no Recife para, numa certa tarde, sem alarde, proporcionar algumas horas de emoção e alegria aos alunos de uma espécie de abrigo para crianças pobres situado em Casa Amarela. Levou até lá o Rei Pelé, que brindou a meninada com um show, não de  bola, mas com a voz e o violão.  Nem os vizinhos sabiam que o cantor que ouviam a curta distância era o maior jogador de mundo. O fato também não chegou ao conhecimento da imprensa Na verdade, o ex-treinador do juvenil coral e o maior craque de todos os tempos não queriam aparecer, mas apenas presentear aquela garotada que  não tinha chance de ver o famoso camisa 10 jogando, numa época em que os jogos pela tevê, e o próprio televisor, eram raros.