Em pé, Osvaldo Baliza, Bria, Osmar, Zé Maria, Oswaldinho e Pinheirense; agachados, Traçaia, Naninho, Gringo, Soca e Geo (Reprodução) |
Bicampeão pernambucano em 1955, quando
festejou seus 50 anos de fundação, e em 1956, o Sport realizou uma série de
amistosos no início de 1957, o mesmo acontecendo com as demais equipes do
Estado. A nova edição do Estadual só seria disputada no segundo semestre. Como
era praxe, os clubes, que viviam apenas das rendas das bilheterias, acrescidas
de uma arrecadação geralmente modesta do corpo social, partiam, no longo
intervalo, o período das ‘vacas magras’, para a realização de torneios com
times de fora, principalmente Rio e São Paulo, e temporadas noutros Estados do
Nordeste ou do Norte.
O Sport tinha uma viagem à Europa engatilhada e, enquanto os entendimentos se desenvolviam para aquela que seria sua primeira excursão ao Velho Mundo, o Leão ia movimentando o time a fim de arranjar o dinheiro necessário para a folha salarial, sempre paga em dia. Confirmada a travessia do Oceano Atlântico, os dirigentes começaram a dar tratos à bola nas providências finais. Até então, apenas dois nordestinos tinham ido à Europa, o Náutico, em 1953, e o Bahia, que um mês antes do Leão da Ilha, em abril de 1957, portanto, iniciara uma peregrinação por gramados europeus. A pedido do argentino Dante Bianchi, o técnico da equipe, o Leão se reforçou contratando o centromédio Servílio, que tinha se destacado no futebol carioca, vestindo a camisa do Flamengo. Providencialmente foi renovado o contrato dos pontas Traçaia e Geo, uma vez que o clube corria o risco de perdê-los para os concorrentes. Fizeram-se outras renovações, de acordo com os planos do treinador de levar um time forte, com reservas à altura.
Na fase de preparação para a viagem, o
time leonino fez três amistosos, atuando na Ilha do Retiro, sob o entusiasmo da
torcida, cada vez mais entusiasmada com a excursão. Os jogos serviram também
para Bianchi aproveitar alguns reservas que precisavam se entrosar com os
titulares.
O Bahia, tradicional adversário das
equipes pernambucanas, foi o primeiro adversário rubro-negro na etapa final dos
preparativos para o voo sobre as águas do verde mar. O tricolor baiano perdeu por 2 x 0, na Ilha,
gols de Traçaia e Soca.
Um fato interessante naquele jogo contra
os baianos foi a presença, na equipe pernambucana, de Ademir, o célebre
Queixada, artilheiro da Copa do Mundo de 1950, com 9 gols. Ele, que
oficialmente já havia encerrado sua carreira no Vasco da Gama, jogou apenas 35
minutos a título de homenagem e de despedida dos torcedores do Sport. Ao sair
de campo, substituído por Gringo, o dono da posição no time da Ilha, foi
delirantemente aplaudido. Enquanto esteve em campo, Ademir, que antes de chegar
às divisões de base do Rubro-Negro passou pelo Centro Esportivo do Pina, do bairro
onde morava, fez muito torcedor
saudosista encher os olhos d’água. Não havia como esquecer os primeiros passos do
célebre atacante com a camisa leonina, no começo dos anos 40. Então, com 34
anos, exercendo a função de comentarista
da TV-Rio, Ademir Marques de Menezes não esquecia o clube que lhe abrira o
caminho para a glória e que o prestigiava naquele momento.
Alguns comentaristas chegaram a afirmar
que com alguns treinos, Ademir poderia estar
apto a reforçar a equipe rubro-negra na excursão. O time que derrotou o Bahia,
no dia 10/03/1957, foi Osvaldo Baliza; Bria (China Bivar) e Osmar; Oswaldinho,
Mirim (Itamar) e Pinheirense; Traçaia, Naninho, Ademir (Gringo), Soca e Geo
(Dario Souza).
No dia 13 de março, outro amistoso,
agora com sabor doméstico, uma vez que o adversário foi o Náutico. O time da
Praça da Bandeira – esta era uma das formas como o Sport era tratado – levou a
campo a sede de vingança, uma vez que um mês antes tinha sido derrotado pelo
Timbu, também numa partida amistosa, disputada nos Aflitos, o domínio do tradicional
rival, por 3 x 2. Desta vez o Leao foi à forra, estabelecendo o placar de 2 x 1. Seus gols saíram dos pés de de
Naninho, o goleador do time, e Gringo. O time rubro-negro alinhou: Osvaldo Baliza;
Bria e Osmar; Osvaldinho (Zé Maria), Mirim e Rubens; Carlinhos (Dario Souza), Naninho,
Gringo, Soca e Geo.
No dia 20 de março, o Estádio da Ilha do
Retiro estava superlotado. Era o jogo de despedida da equipe leonina antes do
embarque para a Europa. O adversário ajudava a compor o ambiente festivo que o
reduto rubro-negro vivia. Tratava-se do América do Rio, naquele tempo ainda
incluído no rol dos grandes do futebol carioca, batendo-se em duelos
eletrizantes com os componentes do quarteto formado pelo Botafogo, Flamengo,
Fluminense e Vasco..
O Sport não conseguiu vencer o Diabo Rubro,
mas obteve um empate por 2 x 2, valorizado pela categoria do adversário. Os
gols do Leão foram marcados por Geo e Naninho,. Os tentos dos visitantes foram
assinalados por Romeiro e Tinoco. O técnico Dante Bianchi utilizou estes
jogadores: Osvaldo Baliza; Bria e Osmar (Djalma). Zé Maria, Pinheirense e
Rubens; Carlinhos (Dario Souza), Naninho, Gringo, Soca e Geo.
Na saudação final, os jogadores viram
inúmeros lenços brancos sendo agitados pela galera num momento de pura emoção,
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