Construção do Mundão do Arruda teve desvio de canal

 

Antes do estádio, o Alçapão do Arruda (Arquivo)

A confusão criada com o desvio de um rio e da implantação de um lago artificial na mansão do craque Neymar, no Estado do Rio de Janeiro, faz lembrar a mudança de rumo dado ao hoje chamado Canal do Arruda, mas de forma legal, para tornar possível a construção do Mundão ou Arruda. Isso aconteceu numa época – anos 60 do século passado – em que a legislação ambiental era menos rigorosa do que a atual.

A seguir, parte do capítulo do volume 1, da trilogia “Santa Cruz de Corpo e Alma”, lançada em 2015:

 ... Tudo parecia perdido, quando então surge uma fórmula salvadora. Descobriu-se que o canal que delimitava o terreno do clube tinha forma regular e sinuosa, precisando de correção nas suas linhas.

O presidente Aristófanes de Andrade procura o Serviço de Planejamento e o Departamento Técnico da Prefeitura. Expõe o problema. Pede aos técnicos Edgar d’Amorim e Fernando Menezes, à frente de suas equipes, para estudarem o assunto.

De início, surgem duas grandes dificuldades. Com a retificação do canal, teria de ser construída nova ponte, quando a existente era nova e, depois, o canal seria deslocado para terreno de terceiros.

Os estudos prosseguiam quando, certa vez, o professor Fernando Menezes pronunciou uma frase da mais alta significação, que se tornou decisiva para a solução do problema: “Não podemos permitir que esse canal se construa em linhas sinuosas, de forma irregular. No futuro poderão indagar quais foram os responsáveis por essa obra”.

A partir daí as coisas mudaram, e para melhor. Novos estudos e outras plantas foram aprovadas pelo prefeito de então, Miguel Arraes. Nova ponte foi projetada e depois construída, tendo Aristófanes se encarregado da desapropriação do terreno para onde foi deslocado o canal. Vale salientar que, na desapropriação desse novo terreno, mais uma vez, merece destaque a elevada compreensão de seus proprietários, os irmãos Flitz e Verner Dreschesler, que, pessoalmente representados pelo seu advogado, o grande jurista pernambucano José Paulo Cavalcanti, não criaram qualquer entrave ou embaraço à pretensão da Prefeitura. Concordaram com o preço fixado na avaliação, e o pagamento lhes foi feito.

Numa parte desse terreno foi projetada uma praça ajardinada e um parque de estacionamento de automóveis, que tem o nome de Praça Antônio Luiz da Silva, homenagem ao saudoso genitor de Aristófanes de Andrade (Projeto de Wandenkolk Wanderley).

DESLOCAMENTO DO CANAL

Os serviços de deslocamento foram realizados pelo Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS). Com essa providência, tudo foi solucionado. O terreno do Santa Cruz ficou aumentado em 60 metros, aproximadamente, na testada principal à Av. Beberibe, e ganhou forma absolutamente regular. Feliz, muito feliz mesmo, pôde, a partir daí, o professor Reginaldo Esteves realizar o seu trabalho, apresentando uma beleza de projeto, cujas linhas arquitetônicas revelam, sobretudo, a capacidade de um mestre. Reginaldo Esteves já nasceu santa-cruzense, pertencia a uma tradicional família tricolor e era cunhado do prof. Gonçalo José de Melo.    

               

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