O resistente Pássaro Preto

 

(Foto: reprodução)


Botar o bloco na rua em praticamente todos os campeonatos oficiais em Pernambuco para os quais esteja capacitado. Este tem sido motivo de orgulho para o presidente do Íbis, Ozir Ramos Junior. A Federação Pernambucana de Futebol acaba de divulgar a lista dos 12 participantes da Série A 2 de 2023, na qual o Pássaro Preto figura após ter sido rebaixado da Série A 1 de 2022. Dois times terão acesso à divisão principal em 2024, e o Íbis faz parte do pelotão, como podemos ver: Afogados da Ingazeira, Atlético Pernambucano, Atlético Torres, Belo Jardim, Caruaru City, Centro Limoeirense, Decisão, Íbis, Flamengo de Arcoverde, Ferroviário do Cabo, Vera Cruz e Vitória, os dois últimos, de Vitória de Santo Antão. 

LEGADO FAMILIAR

Segurar o rubro-negro nascido no bairro de Santo Amaro é uma questão de honra para Júnior, como o dirigente é conhecido. Seu avô paterno foi um dos fundadores do clube, em 15/11/1938 (84 anos de fundado). Alto  funcionário e homem de confiança da direção da TSAP (Tecelagem de Seda e Algodão de Pernambuco), coube ao Sr. Onildo Ramos conduzir os trabalhos que levaram à fundação da agremiação, cuja finalidade era proporcionar um passatempo saudável aos funcionários da fábrica, situada na Av. Visconde de Suassuna. Time estritamente amador, só contava com trabalhadores da importante indústria. O nome  foi inspirado no símbolo da TSAP,  um íbis. Trata-se de uma ave pernalta que os antigos egípcios consideravam ser protetora da agricultura.

Com o tempo, o Íbis tornou-se uma espécie de joia de estimação para os Ramos. Em determinado momento, quando a TSAP cortou sua ligação com o clube, o patriarca da família Ramos redigiu um ofício destinado à FPF, desligando-o da entidade. Seu filho Ozir, em vez de apresentar o documento ao presidente da entidade, Rubem Moreira, engavetou-o. E passou a dar as coordenadas. Com sua morte, Junior assumiu a responsabilidade de não deixar a peteca cair. E o Íbis continua a traçar uma interessante trajetória no futebol pernambucano, na qual seriedade e folclore se cruzam. A bola da vez é Mauro Xampu, com o slogan “ex-jogador do Íbis, o pior time do mundo, artista de cinema, cabeleireiro e homem”. Mas houve outras figuras, como o volante Valdemir, o popular C.. de Apito, Bassu, Vantu, Baú, Índio, Jagunço, Loloca, sem esquecer que um dos maiores ídolos de todos os tempos do Internacional de Porto Alegre, Bodinho, foi revelado pelo Íbis. Descoberto pelo Flamengo, quando militava no futebol maranhense, terminou indo para o Rio Grande do Sul, onde se fixou. O campeão do mundo Vavá e o lateral-esquerdo Rildo também passaram por lá, mas de maneira rápida, ainda garotos.

Junior foi jogador ibiense, juntamente com seu irmão Omar, que se tornou delegado de polícia e morreu prematuramente.

Uma das figuras mais pitorescas do Íbis era seu torcedor número 1, o paraibano Chico do Táxi. Veio para o Recife servir o Exército, passou a morar perto da TSAP, quando o Íbis ainda engatinhava. Apaixonou-se. Servia de gozação para rubro-negros, alvirrubros e tricolores, mas tinha uma resposta na ponta da língua:

“Podem gozar, mas já dei em todos eles”.

Sua reação era autêntica e verdadeira. Certamente, ganharia mais força se vivo ele fosse, com o 3 x 1 aplicado sobre o Santa Cruz, em pleno Mundão do Arruda, em 28/3/2023, no Campeonato Pernambcano.

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