O rubro-negro Ariano e o tricolor Capiba (Foto: Reprodução Bem Blogado) |
Quando
eu ia, ela voltava...
O mestre Ariano Suassuna era
muito amigo do célebre compositor Capiba, uma verdadeira glória da música
pernambucana. A amizade vinha de muito tempo, desde a época em que eram
estudantes. Embora tenha nascido em Surubim, no Agreste pernambucano, berço também
do famoso apresentador de tevê, Chacrinha, quando Capíba veio se fixar no
Recife procedia de Campina Grande. É que em certo momento da vida, o pai do
maestro, o velho Capiba, igualmente músico, resolveu ir ganhar a vida na
Paraíba.
Ariano também veio de lá. Só que ele não nasceu no Interior,
mas em João Pessoa, a capital, que já foi chamada de “a pequenina e bela”. Na
época, o pai de Ariano, João Suassuna, era governador do Estado. Depois Ariano
foi morar em Taperoá, e por último no Recife. Se não era pernambucano de fato,
o era de direito, pois a cidadania lhe fora outorgada.
Essa
dupla deixou uma imensa folha de serviços prestados à cultura pernambucana,
cada um na sua especialidade. Ariano era um estupendo romancista e um senhor
dramaturgo, além de ser um grande contador de histórias. Capiba, falecido em
1997, com 93 anos, deixou um sem-número de composições em gêneros os mais
diversos, embora tenha ficado mais conhecido pelos inúmeros frevos-canção que
compôs.
Ariano, que morreu em 23 de julho de 2014, com 87 anos, era
um apaixonadíssimo torcedor do Sport. Capiba era tricolor de corpo e alma. Na
conversa entre ambos sempre havia espaço para o futebol. Portavam-se como
criaturas civilizadas, cada qual respeitando a opinião do outro. Até que um
dia, na casa de Ariano, eles se exaltaram. Capiba, que era meio explosivo, foi
para a rua, ligou o carro e se mandou para o Espinheiro, onde residia.
Passado algum tempo, Ariano chegou à conclusão de que não
valia a pena perder um amigo de longas datas por causa de uma discussão besta
sobre futebol. Pegou um táxi e se mandou para a residência de Capiba, no
Espinheiro, a fim de lhe pedir desculpas. Não encontrou o “desafeto”. Capiba
tivera o mesmo pensamento, e àquela altura rumava para Casa Forte em busca da
reconciliação com o velho amigo. Tal qual aquela música que diz “quando eu ia,
ela voltava, quando eu voltava ela ia...”
Amigo Lenivaldo, muito interessante esta história de Suassana e Capiba.
ResponderExcluirAbraços,
Antônio Matos