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PRESO AO PASSADO
CLAUDEMIR GOMES
A primeira rodada do
Pernambucano 2024 nos deixou com a sensação de que o ano velho não acabou. Mais
ainda: que o processo de deterioração do futebol pernambucano segue a passos
largos. O notável, Jackson do Pandeiro, tem uma composição que serve como hino
para esta competição mequetrefe: Cantiga de Perua.
“É de pior a pior, é de pior a
pior
A cantiga da perua é uma só...”
O prezado leitor pode até
contestar, e apresentar os números da rodada de abertura do Estadual como um
forte argumento. Afinal, em cinco jogos foram marcados 14 gols, com uma média
de 2,8 por partida. Pode destacar a goleada do Central – 4x1 – sobre o Afogados,
como uma mutação da Patativa em Fênix; e mostrar que o Retrô, ao passar, de
passagem, pelo Porto – 4x0 – se credencia a brigar pelo título mais uma vez.
Tais pinceladas não mudam o
cenário devastador. Todas as vitórias foram de mandantes. Na tabela, o único
visitante era o Sport, mas na prática, os leoninos foram mandantes, uma vez
que, a partida com o Petrolina foi disputada na Arena Pernambuco, que é a
segunda casa do rubro-negro recifense.
O destaque fica por conta do
apoio inconteste, dado pelas torcidas do Santa Cruz, e do Náutico, aos seus
respectivos times. Por incrível que pareça, paradoxalmente, os torcedores
tricolores e alvirrubros foram maltratados no Arruda, e nos Aflitos. Uma falta
de respeito imperdoável, inconcebível, que ressalta a incapacidade e
incompetência dos gestores dos dois clubes.
Um jeito de fazer futebol que
explica o apequenamento dos dois clubes que, no século passado, eram vistos
como “gigantes” no futebol nordestino.
O modelo do futebol brasileiro é
excludente. Clubes pequenos, periféricos, vivem na iminência de serem excluídos
de um cenário onde não há espaço para eles. E para preencher os espaços vazios,
os que eram chamados de “grandes”, se apequenam ao ponto de perderam a
identidade de formadores.
Inconcebível as atitudes de
Santa Cruz, Náutico e Sport em relação a contratação de jogadores. E o trabalho
de base, de formação de jogadores?
Pernambuco foi representado por
quatro clubes na cobiçada Copinha, competição sub-20 que reúne clubes de todos
os estados brasileiros, em São Paulo. Nenhuma das equipes conseguiu passar da
segunda fase.
É notório que, o grande entrave
ao crescimento do futebol pernambucano é o fato de termos amadores comandando
profissionais. Trocando em miúdos, quero dizer que, no nosso futebol, todos são
profissionais, menos os dirigentes. A falta de conhecimento dos gestores, numa
matéria que exige reciclagem e qualificação permanentes, levou nossos clubes a
uma estagnação corrosiva.
O pontapé inicial do Estadual
foi desanimador. O torcedor segue gostando de futebol, tal realidade ficou bem
clara nos exemplos dados por tricolores e alvirrubros. Vamos aguardar a Copa do
Nordeste, que este ano teremos apenas Sport e Náutico representando o outrora
temido, e respeitado, futebol pernambucano.
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