Foto: Reprodução Globo Esporte |
O GOLEIRO ESPEROU SENTADO...
Anos 60, bairro de Santo Amaro, no
Recife, de onde saíram figuras expressivas no futebol pernambucano. Só para
citar alguns: Gena, Lala, Dodó, Vavá, bicampeão do mundo (1958/62), Fraga,
Rildo, Clóvis, Minuca e Zequinha, o ex-tricolor que integrou a célebre academia
palmeirense e que foi reserva do santista Zito na seleção bicampeã mundial em
62.
Tempos do Vovozinhas, mais tarde
Associação Atlética de Santo Amaro, time do deputado-radialista Alcides
Teixeira, um carioca egresso de Alagoas, que logo cedo veio fazer a vida em
Pernambuco e por aqui ficou. Alcides era uma figura carismática, que fazia o
gênero populista. Apresentava diariamente um programa de rádio de grande
audiência, dedicado às avós – era o Programa das Vovozinhas. Daí surgiu a
Associação Atlética das Vovozinhas. O dono do time era titular absoluto na
ponta esquerda. Jogador que terminava contrato com um dos três grandes, ia
defender o Vovozinhas. Havia animados amistosos nas quintas-feiras,
transmitidos pela Rádio Clube de Pernambuco. O atleta que estava livre
reforçava o time do deputado. Mantinha a forma, ganhava uma graninha e
continuava em evidência porque a PRA 8, com Antônio Menezes
e Humberto Siqueira, que já se foram, e Vicente Lemos, que ainda continua entre
nós. Durante muito tempo, o treinador foi Manta, exímio violonista, integrante de um dos conjuntos regionais da Clube, e pai do atual técnico do Afogados, Pedro Manta.
Walter Bezerra, que serviu à Polícia
Militar de Pernambuco e compôs durante muito tempo o quadro de juízes da FPF,
vestia a camisa de goleiro no Vovozinhas. Só fazia mesmo vestir, pois ficava na
reserva o tempo todo, sempre esperando uma chance que nunca vinha. Toda semana,
o time do deputado realizava um amistoso no campo da TSAP, a Tecelagem de Seda
e Algodão de Pernambuco, onde nasceu o Íbis. A cada jogo, Walter estava firme
no banco, como um reserva obediente. Mas nada de jogar.
Eis que em certa ocasião surgiu a tão ansiada oportunidade. Às vésperas de um
amistoso, os outros goleiros se machucaram. Enfim, aproximava-se o dia de
glória. Todavia, para sua decepção, na última hora um dos ‘enfermos’, mesmo
capengando, disse que estava apto. Walter se chateou. Porém, resignado, decidiu
continuar no banco, pois havia a promessa de entrar no decorrer da partida.
Bola correndo, o goleiro que entrara, mesmo não recuperado de todo, ia levando
o barco. Veio o segundo tempo e nada de Walter ser acionado. Até que em dado
momento, o goleiro titular não aguentou mais. Walter se animou e começou a se
preparar, mas o técnico fez o inacreditável, improvisando um lateral no gol.
Walter, perplexo e cabisbaixo, resmungou: “Não é possível, nem assim eu
jogo”... Não esperou que o jogo terminasse. Trocou de roupa, indignado, e se
mandou. Sua rápida carreira como jogador terminara ali.
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