Foto: Arquivo |
Topo Gigio e o Diabo Louro
LENIVALDO ARAGÃO
O pernambucano Givanildo e o norte-rio-grandense
Marinho, dois exímios jogadores, brilharam nos anos 70 e 80 do século passado. A
foto registra a dupla na Seleção Brasileira que levantou o Torneio Bicentenário da Independência dos Estados Unidos, em 1976, no país de Tio Sam. Givanildo foi
convocado pela primeira vez naquele ano, quando ainda era do Santa Cruz. Marinho chegou lá quando já
tinha trocado o Náutico pelo Botafogo. Temperamentos diferentes. Givanildo,
introvertido e recatado, embora muito tratável. Marinho espalhafatoso, capaz de
atitudes inesperadas, como fazer uma viagem de ida e volta Recife-Natal,
pilotando um Fusca 0K, sem saber dirigir direito e sem ter carteira de
habilitação. O técnico Nelson Lucena, do Náutico, quase tem um troço ao saber
do próprio Marinho, que ele tinha viajado sozinho, sem ter pelo menos um
acompanhante que lhe ajudasse a quebrar algum galho que, por acaso, surgisse na
estrada.
Givanildo José de Oliveira,
nascido em Olinda, em 8-8-1948 (75 anos), tinha o apelido de Topo Gigio – personagem
de um programa infantil de tevê – e ainda está entre nós. Francisco das Chagas
Marinho carregava a dupla alcunha de Bruxa e Diabo Louro. Veio ao mundo em Natal,
no dia 8-2-1952 e já fez a última viagem. Morreu em 3-5-2014, em João Pessoa, quando
tinha 62 anos. Os dois deixaram seu nome inscrito entre os grandes craques do
futebol nacional de sua geração.
Como jogador, Givanildo
defendeu Santa Cruz, Corinthians, Fluminense e Sport. Começou no Santa, em 1969, tendo sido pentacampeão
(1969-70-71-72-73) e bicampeão (1978-79) pelo Tricolor. Em Pernambuco, ainda
como jogador, foi tricampeão pelo Sport (1980-81-82). Na função de treinador
passou por uma infinidade de equipes, algumas até três vezes, tendo 19 faixas
de campeão estadual obtidas por 10 times diferentes. Pelo belo trabalho desenvolvido
no América Mineiro, levando-o duas vezes da Série B para a Série A e uma da C
para a B, foi agraciado com o título de Cidadão Honorário de Belo Horizonte. O
olindense Givanildo também é Cidadão do Recife.
No Santa foi o jogador que
atuou o maior número de vezes até hoje. Foram 599 partidas entre 1969 e 1979.
Na Seleção foram 13 jogos. Ainda era meio desconhecido, nacionalmente, ao
chegar lá. Tanto que o técnico Osvaldo Brandão, após assistir a um jogo do Náutico,
nos Aflitos, ao lado do amigo Waldomiro Silva, uma figura venerável do
Santinha, ao me ver conversando com Waldó – como era chamado – na sede do
Timbu, passou-me a informação: “Tenho uma novidade pra você. Vou convocar
GENIVALDO.” Ao sentir a mancada tentou corrigir, ficou hesitante, mas foi salvo
pelo então conselheiro tricolor.
O louríssimo e cabeludo Marinho
começou a carreira em 1967 no Riachuelo, time da Marinha, em Natal, tendo
percorrido a seguinte trajetória até 1988, quando descalçou as chuteiras: ABC, Náutico (1971/72-98 jogos, 12 gols), Botafogo, Fluminense, Cosmos-EUA, Lauderdale Sttrikers-EUA,
São Paulo, Bangu, Fortaleza, América de Natal, Los Angeles Heat-EUA, e Harlekin
Augsburg-ALE. Voltando dez ve para sua terra, encerrou a carreira no América local.
Certa vez, numa entrevista ao
jornalista potiguar Alex Medeiros, Marinho declinou os nomes dos clubes que
amava: ABC, Náutico, Botafogo e São Paulo.
Na sua rota futebolística
jogou 301 vezes profissionalmente, tendo assinalado 36 gols. Na Seleção
Brasileira foram 36 partidas.
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